quarta-feira, 13 de junho de 2012

Fobia da Morte?



Me causa certa estranheza, não quanto aos ritos e cuidados, como por exemplo, não chamar ninguém pelo nome dentro do cemitério, não levar terra na sola do sapato para dentro dos lares e coisas assim, diga-se de passagem necessários e sim pelo medo com que vestem a pessoa quando se torna finada.

Digo isso porque na Cabinda é ancestralidade, conceito que significa família.
“Nas mais diferentes culturas, a concepção religiosa da morte está contida na própria concepção da vida e ambas não se separam.

Os iorubas e outros grupos africanos que formaram a base cultural das religiões afro-brasileiras acreditam que a vida e a morte alternam-se em ciclos, de tal modo que o morto volta ao mundo dos vivos, reencarnando-se num novo membro da própria família.

São muitos os nomes iorubas que exprimem exatamente esse retorno, como Babatundê, que quer dizer "O-pai-está-de-volta".

Para os iorubas, existe um mundo em que vivem os homens em contato com a natureza, o nosso mundo dos vivos, que eles chamam de aiê, é um mundo sobrenatural, onde estão os orixás, outras divindades e espíritos, e para onde vão os que morrem, mundo que eles chamam de orum.

Quando alguém morre no aiê, seu espírito, ou uma parte dele, vai para o orum, de onde pode retornar ao aiê nascendo de novo. Todos os homens, mulheres e crianças vão para um mesmo lugar, não existindo a idéia de punição ou prêmio após a morte e, por conseguinte, inexistindo
as noções de céu, inferno e purgatório nos moldes da tradição ocidental-cristã.

Não há julgamento após a morte e os espíritos retornam à vida no aiê tão logo possam, pois o ideal é o mundo dos vivos, o bom é viver.

Os espíritos dos mortos ilustres (reis, heróis, grandes sacerdotes, fundadores de cidades e de linhagens) são cultuados e se manifestam nos festivais de egungum no corpo de sacerdotes mascarados, quando então transitam entre os humanos, julgando suas faltas e resolvendo as contendas e pendências de interesse da comunidade.

O papel do ancestral egungum no controle da moralidade do grupo e na manutenção do equilíbrio social através da solução de pendências e disputas pessoais, infelizmente, não se reproduziu no Brasil.

Vejo meus mortos como meus eternos protetores, amigos,com quem continuo entre aspas, convivendo, numa outra instância.Não nutro por eles fobias,mas antes de tudo,respeito e consideração por suas ricas orentações.Afinal, no que constitui nossa existência,somos:

“Èmí = Espírito, criado por Olódùmarè.
Ará = corpo físico criado por Obàtálá.
Aráyé = ser humano
Enìkéji = o duplo, o corpo espiritual em coexistência com o ará. Coexistencia significa "existir junto", mas por força de expressão, dizemos que está no òrun apenas por que não o vemos.
Iyè = memória
Iyè-èmí = memória espiritual e eterna.
Iyè-àpò = memória passageira, sendo assimilado pelo iyè-èmí após volta ao òrun.
Orí = tem 2 sentidos maiores: cabeça e destino.: Orí (cabeça) = existe tanto no ará, quanto no èmí, contendo em seu interior o iyè, cada um, respectivamente. E o Orí (destino) = criado por Ajálá, simbolo do destino escolhido pelo èmí.
Ipín = Uma parte retirado de um todo. Todo ser humano é uma parte de sua materia ancestral. O próprio Orí-destino (odù)é um ipín dos odu de Ifá.
Igba-Orí = assentamento do Orí representando todo o complexo físico-espiritual do ser humano

àse.

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