sábado, 1 de setembro de 2012

A entronação do Aláààfin e sua conservação. Parte 1


A Entronação do Aláààfin e sua conservação: a nação Kambina no Batuque Nago do RS - Erick Wolff

O propósito deste texto e fazer um paralelo da Nação Kanbina do Batuque do RS, e suas
possíveis origens no Alafinato Iorubá, e sobrevivências no culto afro-gaúcho, tentando mostrar que existe uma grande possibilidade desta nação ser originada dos nagôs, ao invés dos bantos, como a principio, faz parecer o nome.

A origem da nação Ioruba esta envolvida em mistérios e segredos, como a maioria das culturas ágrafas, existindo muitos estudos que criam caminhos diferentes. Não trataremos neste trabalho sobre a pre-civilização de Ifé, anterior ao advento de Odùduwà, que, segundo estudiosos do assunto, eram adoradores de Obàtálá, representados na figura ancestral de Oréluere.

Esta pré-civilização não pode ser chamada exatamente de Iorubá, visto que a nação Iorubá só veio a existir com a conquista de Ilé-Ife por Odùduwà, que unificou os grupos antigos numa só nação. Sobre a palavra, o uso da palavra Iorubá, explica Elbein dos Santos (1976, p. 29, nt. 7): “O termo Iorubá e de uso relativamente recente, no Brasil, sendo os eruditos que os descobriram nos textos estrangeiros e o fizeram conhecido. Não é utilizado pela população. Também não é utilizado em Cuba.

Parece que mesmo na África Ocidental o termo Iorubá, em sua conotação coletiva, não é muito antigo. N. A. Fadipe (1970: 30) concluiu que “a etiqueta Iorubá, designando um grupo étnico, não deve ter estado há muito tempo em voga antes de 1856” – (“The label Yoruba, as that of an ethnic group coult not have been long in vogue prior to 1856”). “Até hoje, as pessoas tem tendência a distinguir seus próprios grupos locais daqueles que eles chamam coletivamente de Iorubá”. (“To the present day people... tend to distinguish their own local groups from the one they collectively refer as Ioruba”).

Parece que, em sua origem, o nome Iorubá era aplicado unicamente aos Iorubás de Òyó, que ainda são chamados, hoje em dia, de Iorubás propriamente ditos. Para uma discussão mais completa desta questão ver Claperton (1829), Rev. Koelle (1963: 5), Dos Santos (1967 : 14 e nota 38), Fadipe (1970, cap. 2).”

Sobre Odùduwà, escreve Johnson (1973, pgs. 03-14):
“[...] O príncipe herdeiro Odùduwà, recairá em idolatria durante o reinado do pai, e como ele possuía grande influencia, ele influenciou muitos depois dele”. Seu propósito era transformar a religião do Estado no paganismo, e, portanto, ele converteu a grande mesquita da cidade em um templo de ídolos, e isso Asara, o seu sacerdote, que a ele
servia, era um produtor de imagens, repleto de ídolos. […] O rei Lamurudu foi morto, e todos os seus filhos com aqueles que simpatizavam com eles foram expulsos da cidade. Dos Príncipes que se tornou Reis de Gogobiri e do Kukawa foram para o oeste e Odùduwà, para o leste. Este ultimo viajou 90 dias a partir Meca, e depois de vagar sobre finalmente estabeleceu-se em Ilè-Ife onde se reuniu com Agbò-niregun (ou Setilu) o fundador da adoração a Ifá […]

Odùduwà, e seus filhos haviam escapado com dois ídolos para Ilè-Ife. Sahibu foi enviado com um exército para destruir ou reduzi-los, e subjugando-os foi derrotado, e entre o espólio garantido pelos vencedores havia uma cópia do Alcorão.
Isto foi depois preservada em um templo e não foi apenas venerado por sucessivas gerações como uma relíquia sagrada, mas e ainda adorado ate hoje sob o nome de Idi, significando possuir algo preso. […] Odùduwà, e seus filhos criaram um ódio mortal dos muçulmanos, do seu país, e estavam determinados a vingar-se deles, mas ele morreu em Ilè-Ife antes que ele fosse poderoso o suficiente para marchar e contra-ataca-los. Okànbi, seu filho mais velho, comumente chamado Idekoseroake, também morreu lá, deixando atrás de si sete príncipes e princesas que mais tarde se tornaram famosos.

A partir deles surgiram as diversas tribos da nação Iorubá. Seu primogênito era uma princesa que era casada com um sacerdote, e se tornou a mãe do famoso Olowu, o ancestral do Owus. O segundo filho foi também uma princesa que se tornou a mãe do Alaketo, o progenitor do povo Ketu. O terceiro, um príncipe, tornou-se rei do povo de Benin. A quarta, a Orangun, se tornou rei de Ila, o quinto, o Onisabe, ou o rei do Sabes, o sexto, Olupòpo, ou rei dos Popos, o sétimo nascido e ultimo Oranyan, que era o progenitor dos Iorubás propriamente ditos, como são mais conhecidos os Òyós.” [o grifo e nosso].

Como vimos, Okànbi e historicamente citado, ainda que sem mensuração, como o filho
Primogênito de Odùduwà, sendo que a palavra Ioruba para primogênito e, akóbí, um adjetivo que significa “primeiro filho”. Foi dito acima, que Oraniyan era o neto caçula de Odùduwà, e que houve grande destaque de sua pessoa, tornando-se o mais rico e de renome de todos os outros. Oranyan herdaria terras, segundo a tradição oral, dai o ditado "Alâfin I'oni ile" (o Alâfin e o senhor da terra).

Como isso aconteceu, e assim narrado por Jonhson (1973. pgs. 41-46): “Com a morte do Rei, seu avô, sua propriedade foi desigualmente dividida entre seus filhos”. O Rei de Benin herdou seu dinheiro (que consistia em búzios), o Orangun de Ila suas esposas, o Rei do Sabe seu gado, o Olupòpo as contas do Olowu e as vestes, e o Alaketu as coroas, e nada foi deixado para Oranyan, apenas a terra.

Alguns afirmam que ele estava ausente em uma expedição de guerra quando a partilha foi feita, e assim ele foi excluído de todos os bens moveis. Oranyan ficou, no entanto, satisfeito com a sua parte, que ele procedeu imediatamente a tomar melhor conta com a habilidade máxima.

Ele segurou seus irmãos como inquilinos que viviam na terra que era sua, das rendas que recebeu dinheiro, mulheres, gado, pérolas, vestidos, e coroas, que eram as partes dos seus irmãos, como todos estes eram mais ou menos dependentes do solo, e foi decorrente a sustenta-lo. E ele foi o escolhido para suceder o pai como Rei, em linha direta de sucessão. “Para seus irmãos foram atribuídos a varias províncias sobre as quais eles governavam mais ou menos independente, Oranyan se viu sendo entronado.”
Devido à riqueza de detalhes, optamos por fazer a seguir uma longa transcrição do livro The History of the Yoruba, de Samuel Jonhson (1973, pgs. 41-46), sobre o Aláààfin e o ritual de Entronação.

A Entronacao do Alaaafin e sua conservacao: a nacao Kambina no Batuque Nago do R.S. - Erick Wolff
www.olorun.com.br/documentos/kamuka-nago-kobi.pdf

Um comentário:

  1. Parabéns, excelente material. É sempre bom ler materiais de qualidade, como esse.

    Àse !

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