quarta-feira, 27 de março de 2013


REFLEXÕES SOBRE IFA PUBLICADAS PELO BABALAÔ IFAGBAYN AGBOOLA:



Luiz L. Marins

27/03/2013




O babalaô Ifagbayn Agboola publicou em seu site algumas informações interessantes, até certo ponto verdadeiras, mas de filosofia discutível.
Devido ao teor e o tom da forma como foram apresentadas, julguei oportuno emitir opinião, tomando por base “as mesmas fontes” por ele citadas. 


Vejamos:

[...]

E muito fácil identificar que a origem do culto de ifá, em nada tem haver com a religião tradicional yoruba ... A origem árabe do sistema oracular de Ifá pode ser comprovada de diversas formas...

Não, o culto de Ifá é iorubá.
O que não é ioruba são os sinais geomanticos, que existem em toda a África oriental, e deram origem a diversas formas oraculares, cada qual adaptada ao sistema religioso local, e no caso dos iorubas, o Ifá. 
Sobre estes sinais geomanticos, até hoje não há informação segura sobre suas origens, se africanas, árabes ou chineses. É verdade sim que tem muita semelhança com o I ching, mas o Ifá tal qual existe na Iorubalandia, não existe nem entre os árabes, nem entre os chineses, pois seus similares não possuem os versos e iniciações sagradas, tal qual existem na religião tradicional ioruba.




A origem árabe do sistema oracular de Ifá pode ser comprovada de diversas formas... Oriundo de Ifé, o culto se propagou por diversas regiões do Continente Africano

Nestas duas frases, separadas no texto original, mas aqui confrontadas para estudo, verificamos uma completa e total contradição do autor, que compromete, e leva ao descrédito todo o texto publicado.




O culto à ifá é exclusivo, independente e superior aos demais ... Não é sem motivo, pela importância de Orunmilá, que possua um culto exclusivo, independente e superior aos demais ...


Não, ele pode ser independente, mas não é superior, pois também é um culto Orixaísta (que queira, quer não) uma vez que sem a colaboração de alguns Orixás, Ifá nada realiza.
Ifa depende totalmente do poder do Orixá Exu. Os mitos mostram isso. Ifa não tem poder para criar nada. A criação é um poder exclusivo de Obatala dado por Olodumare.
A qualidade principal de Orunmila é o conhecimento e a sabedoria para aplica-lo, mas não o poder. Por isso, é tão importante quanto ... mas não superior.
O culto de Obatala tem a mesma importância que o culto de Orunmila. Vale lembrar que quem plantou a palmeira no mundo foi Obatala, conforme o mito da criação deste. Sem este ato de Obatala, o culto de Ifa não existiria, ou usaria outro elemento como instrumento divinatório, mitologicamente falando.
Segundo Samuel Jonshon, em History of the Yorubas, o culto de Ifá teria sido introduzido na Iorubalandia somente após muita resistência (e mortes), pois os nativos nagôs negavam a deixar de cultuar seus Orixas ancestrais, para cultuar sementes, segundo Jonshon.
Mesmo antes da introdução do Ifá entre os iorubas, a pratica oracular já existia (Bascom, Sixteen Cowries) através do uso natural do obi, oraculo simples, mas que sobreviveu nas Américas.
Se a geomancia não é africana, como dizem alguns, o obi, por sua vez, o é, sendo também utilizado no Ifá, que o adotou.
 [...]



CONCLUSÃO:

Embora verdadeiras algumas outras afirmações que não coletei aqui, mas que constam no site, o teor da publicação mostra prepotência, arrogância e preconceito.
Parece-nos que autor não soube separar a diferença entre estudar as origens da geomancia, versus, estudar as origens do Ifá. Sugiro ao babalaô rever o post, pois tais afirmações não são dignas do cargo sacerdotal que ocupa.


Fonte:

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