MAGNETISMO
HUMANO E ESPIRITUAL
ESCRITO POR ALLAN KARDEC.
O magnetismo produzido pelo fluido do homem é o
magnetismo humano; aquele que provém do fluido dos Espíritos é o magnetismo
espiritual.
O fluido magnético tem, pois, duas fontes muito distintas: os Espíritos
encarnados e os Espíritos desencarnados. Essa diferença de origem produz uma
diferença muito grande na qualidade do fluido e em seus efeitos.
O fluido humano é sempre mais ou menos impregnado das impurezas físicas
e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por
isto mesmo, tem propriedades mais ativas que levam a uma cura mais rápida. Mas,
passando por intermédio do encarnado, pode-se alterar como uma água límpida
passando por um vaso impuro, como todo remédio se altera se permanece em um
vaso impróprio, e perde em parte suas propriedades benfazejas.
Daí, para todo verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de
trabalhar em sua depuração, quer dizer, em sua melhoria moral, segundo este
princípio vulgar: limpai o vaso antes de vos servir dele, se quereis ter alguma
coisa de bom. Só isto basta para mostrar que o primeiro que chega não poderia
ser médium curador, na verdadeira acepção da palavra.
O fluido espiritual é tanto mais depurado e benfazejo quanto o Espírito
que o fornece é, ele mesmo, mais puro e mais desligado da matéria. Concebe-se
que o dos Espíritos inferiores deve se aproximar do homem e pode ter
propriedades malfazejas, se o Espírito for impuro e animado de más
intenções.
Pela mesma razão, as qualidades do fluido humano apresenta nuanças
infinitas segundo as qualidades físicas e morais do indivíduo; é evidente que o
fluido saindo de um corpo malsão pode inocular princípios mórbidos no
magnetizado. As qualidades morais do magnetizador, quer dizer, a pureza de
intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar seu
semelhante, unido à saúde do corpo, dão ao fluido um poder reparador que pode,
em certos indivíduos se aproximar das qualidades do fluido espiritual.
Seria, pois, um erro considerar o magnetizador como uma simples máquina
na transmissão fluídica. Nisto como em todas as coisas, o produto está em razão
do instrumento e do agente produtor. Por estes motivos, haveria imprudência em
se submeter à ação magnética do primeiro desconhecido; abstração feita dos
conhecimentos práticos indispensáveis, o fluido do magnetizador é como o leite
de uma nutriz: salutar ou insalubre.
O fluido humano sendo menos ativo, exige uma magnetização prolongada e
um verdadeiro tratamento, às vezes, muito longo; o magnetizador, dispensando
seu próprio fluido, se esgota e se fatiga, porque é de seu próprio elemento
vital que ele dá; é porque deve, de tempos em tempos recuperar suas forças. O
fluido espiritual, mais poderoso em razão de sua pureza, produz efeitos mais
rápidos e, frequentemente, quase instantâneos. Esse fluido não sendo o do
magnetizador, disto resulta que a fadiga é quase nula.
Fonte: Revista Espírita – Allan Kardec
Ano 8 - Setembro de 1865 - Nº. 9
Ano 8 - Setembro de 1865 - Nº. 9
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