“Quando Olodunmare me chamar, nenhum Omo Òrìsà meu tem que “Tirar Mão” nenhuma. Até hoje, eu nunca vi uma Babalòrìsa ou Ìyálòrìsa voltar do Orùn, para colocar a mão na cabeça de senhor ninguém. Só assim para ser mão de morto. Aquilo que eu coloquei no Orí de um Omo Òrìsà, ninguém nesse mundo um dia vai tirar, minha mão é de vida é de Asè!!!”... Babalòrìsà José Carlos de Ibùalámo - Fundador da Sociedade Ilé Alákétu Asè Ibùalámo.
A partir das palavras do saudoso Bàbálòrisà José Carlos de Ibùalámo, faremos uma reflexão.
É um fundamento obrigatório ou foi algo criado e inserido no meio para se arrecadar dinheiro das pessoas menos informadas?
Será que muitos dos nossos Sacerdotes e Sacerdotisas vão entender, ou ainda vão teimar em preceitos não existentes, fazendo valer mais uma vez os absurdos que vemos em nossa Religião, hoje em dia?
A pessoa que lhe iniciou, o fez no caminho da vida.
Esta pessoa despertou o seu Orixá e quando ele(a) (a pessoa que lhe iniciou), retorna ao Orún na verdade ele passou a ser um ANCESTRAL ILUSTRE e o que fazemos não é cultuar os nossos ancestrais?
Lógico que no caso dele (ancestral ilustre) existirá um ritual específico para cultuá-lo, mas para que tirar de sua vida os traços daquele que tão bem lhe conduziu em sua jornada?
Por isto, sempre digo, que não existe certo nem errado, existe o que você aprendeu no seu àse, com seus mais velhos e que continua seguindo. Se você fizer com amor, sem interesse financeiro, tudo dará certo.
Não se deve tirar algo que foi dado com fundamento, respeito e amor ao Orixá da pessoa que foi iniciada. Assim, se deve dar continuidade e somar aos novos conhecimentos que ao longo dos anos o iniciado ira adquirir, e ele levar o àse que foi recebido.
Ora, quando um sacerdote vem a falecer, o que acontece com a casa onde ele dirigia?
Será escolhido um substituto para ele.
A partir desse momento, a casa terá um novo dirigente, onde tecnicamente não haverá mudanças. Haverá a manutenção do àse, serão seguidos os preceitos determinados e um dia tudo voltará ao normal.
Agora se a pessoa deixa de frequentar a casa e não deu obrigação com outra pessoa, o seu sacerdote venha a falecer, ela passará a ter as orientações de outro sacerdote que virá a fazer os rituais para ela, independente do falecimento de seu antecessor.
Em momento algum o termo "tirar a mão" faz sentido.
É como tudo aquilo que o sacerdote dessa pessoa fez para ela, passou a ser algo ruim, devendo então "limpar" o carrego do falecido?
É preciso ter uma visão mais realista daquilo que vivemos, não dá mais para aceitar que os infortúnios da vida são consequência da relação religiosa.
Não podemos esquecer que ao se fazer os ritos fúnebres sucumbe todas as mazelas que poderiam acontecer, ou para que serve então o asese ou arissum?
O Egun na verdade já passou por um rito de passagem, ele não é apenas um egun, é um ANCESTRAL ILUSTRE dentro da tradição africana, aonde ele possuí um vínculo com a religião e com toda a família que compõe a casa, ao contrário de uma pessoa simplesmente desencarnada que nunca foi iniciada, isso requer uma reflexão.
Devemos diferenciar o egum de pessoa não iniciada do egum de sacerdote da religião que lhe iniciou.
O ser humano - nós, filhos tementes, e adoradores de nossos ancestrais (orixás) - ainda não aprendemos, que somos seres espirituais, vivenciando uma etapa material - infelizmente!
Àse gbogbo.
Elias de Oxalá
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