Claro que não.
É crendice.
É crendice.
Não é fundamento.
"Orisá não é cristão.
O sincretismo é racismo que esconde a cultura.
Se esperamos Jesus ressuscitar e tocamos no sábado de aleluia, estamos afirmando que vivemos no pecado e esperamos Jesus para nos salvar."
A religião dos Orixás é muito anterior aos Cristianismo.
E para corroborar...
"Orisá não é cristão.
O sincretismo é racismo que esconde a cultura.
Se esperamos Jesus ressuscitar e tocamos no sábado de aleluia, estamos afirmando que vivemos no pecado e esperamos Jesus para nos salvar."
A religião dos Orixás é muito anterior aos Cristianismo.
E para corroborar...
O Lórogún um ritual
remanescente da escravidão.
Por Bàbálòrìṣà Erick Óbokún
19/04
O
Ritual de mandar os òrìṣà
para a guerra, no período da Quaresma, sabemos que é
costume de algumas famílias do Batuque Afro-gaúcho, fechar o Yàrá-òrìṣà (quarto
de òrìṣà) assim que chega o Carnaval, ficando
o período da Quaresma sem sacrifícios e restringe ao máximo
as iniciações, neste período não há toques nem festas religiosas,
por isso, não há iniciações, claro que nem uma iniciação está
vinculada a toque, porem o tambor anuncia festas decorrentes
de iniciações.
Entre
estas familias do Batuque do R. S., se dedicam a rituais chamadas de Missa
do Égún, um ritual vinculado aos ancestrais e antepassados que
são homenageados neste período. Quando não estão dedicados a
rituais de Égún (culto aos restos mortais dos
antepassados) ele se voltam para os trabalhos com Exú e Pomba-Giras, entidades
que trabalham para proteção ou demanda dos templos.
Este
período entre o Carnaval e a Páscoa Cristã, é chamado por alguns de Lórogún, um
costume que foi adquirido do Candomblé, assim como narra Beniste, em seu
livro Ọ̀run Àiyé.
·
[...]
O Lórogún é uma cerimónia que marca a paralisação das
atividades do Candomblé, e que coincide propositadamente com o período da
Quaresma católica. É realizado após o Carnaval, com o Ṣiré Ògún- brincadeira de guerra,
numa simulação de luta entre duas alas previamente escolhidas. A ala
em que primeiro se manifestar o òrìṣà será a vencedora. OLórogún é a motivação
para o descanso dos componentes do Candomblé. [...] (p. 332)
E
reforçado o Lórogún, em outro livro, As águas de OXALÁ, o
autor detalha melhor este ritual do Candomblé.
·
[...] O Lórogún é
um ritual que se realiza no primeiro domingo após o Carnaval.
Literalmente, Orò - ritual, Ogun - guerra, batalha que revive a ida dos òrìṣà para
a guerra com uma representação de batalha entre dois grupos que se
enfrentam: o exercito de Ṣàngó, carregando uma bandeira vermelha, e o
deÒṣàlá, carregando um estandarte branco. Não há sacrifícios, somente
comidas secas. No período em que os òrìṣà estão ausentes, o Candomblé paralisa suas atividades,
só terminando em 29 de junho, quando Ṣàngóretorna para a sua festa.
Somente a oferenda do Àmàláé mantida todas as quartas-feiras. Trata-se
de um resquício do período constrangedor
da escravidão, quando os senhores dos engenhos não permitiam aos
negros dançarem no decorrer da Semana Santa. Deveriam mostrar
tristeza, mesmo contra a vontade. (o grifo é nosso)
·
Durante
este período apenas um òrìṣà permanece na Casa para tomar conta dela e dos filhos.
O jogo é quem determina, a cada ano, qual será o òrìṣà. Durante
este período fica na casa de Ṣàngó um recipiente com grande
quantidade de pipoca com a função de garantir a paz na casa.
Quando Ṣàngó retorna, ela deve ser despachada.
·
Para a realização deste ritual, que se inicia,
geralmente, às 19 horas, portanto mais cedo, primeiramente faz-se
uma procissão passando-se pelas Casas de todos os òrìṣà, como
se fosse uma viagem por toda a cidade. terminada a caminhada, segue-se para
o Barracão formando-se lá duas alas, uma à esquerda e outra à
direta. O exercito de Ṣàngó, com todos usando
roupas vermelhas e brancas, e a mais velha do grupo empunhando o
estandarte vermelho; o de Òṣàlá, da mesma forma, porém, vestido com
roupas brancas e a mais velha do grupo empunhando o andor de Òṣàlá.
A função de Òṣàlá é apaziguar as disputas.
Todos são enfeitados com folhas de samambaia, em formato de coroa
para as mulheres e folhas de tiracolo para os homens. Trata-se de um ritual
muito alegre, com todos em suas posições, e alguns cânticos são entoados:
·
Olórògun olórògun.
·
Elémasa sá o
·
Olórògun e jẹ wa pá ìwà
·
Olórògun pá
·
Elémasa sá o
·
Olórògun e jẹ wa pá ìwà
·
Akaja
·
Lógún masa
·
Ọlọ́wọ
·
Bẹru já [...](p. 158 á 159)
No
Batuque do R.S. os antigos diziam que no período da Quaresma
as divindades iriam para a guerra, vejam como segue o ritual e conceitos
empregados neste período;
Na
semana do Carnaval algumas famílias do Batuque do R.S., fecham o Yàrá-òrìṣà, da mesma forma
que procede em cerimonias fúnebres, esvaziando as quartinhas e
apagando as velas, neste período o templo fica com suas atividades
encerradas. Aproveitando este tempo ao qual as quartinhas estarão
vazias, são dietas as devidas manutenções de pintura, e
assim permanecem secas durante toda a Quaresma, acreditando que
neste período as divindades foram para a guerra, por isso, não
há toques, nem iniciações, nem mesmo consulta através dos búzios
ou Ebọ para as divindades. Assim ficando até a
Sexta-Feira Santa, a qual os iniciados do templo se reúnem no
mesmo para preparar os àṣẹe comidas de òrìṣà para
o Sábado de Aleluia, para o retorno das divindades.
Enquanto os templos preparam uma limpeza espiritual usando
determinadas divindades, para passar nas pessoas e no templo. Após
a limpeza espiritual, enchem as quartinhas novamente e lavam os olhos
com algodão e água sagrada da quartinha de Òòṣàálá, simbolizando a
retirada de qualquer magia e ou feitiço que possa prejudicar a visão dos
sacerdotes e ou dos iniciados em seu oráculo ou rituais.
Enfim
o tambor inicia uma sessão de cantigas para chamada dos òrìṣà,acredita-se que é Xapanã, quem
traz as divindades da guerra de volta para o templo.
Conforme
citamos acima, nem todas as famílias praticam o ritual de enviar
os òrìṣà para a guerra,
no período da Quaresma, há templos que não fecham os Yàrá-òrìṣà, seguindo
com as atividades normalmente neste período, ficando livres para praticar
a religião sem preceitos ou restrições, seguem dois
exemplos de famílias e raízes diferentes;
Bàbálòrìṣà Lucas Prates,
Ilê Oxalá e Cacique 7 Montanhas, iniciado por Henrique de Ògún,
Nação Batuque, Raiz Ijeṣà. Porto Alegre, Brasil.
Ìyáòrìṣà Patricia
Nievas, Reyno Africano Oṣala, 14 años de
aprontamento com, Nação Batuque, Raiz Jeje-Ijeṣà, iniciada por
Tinancia de Osala (Igba e), Leopoldo de Ianza (igba e), Jorge Veradi Ti Sango,
Buenos Aires, Argentina.
Considerações finais
Como
puderam observar, o Lórogún, de origem escrava imposto
pelos senhores do engenho, praticada pelas casas de Candomblé, não possuem nem
uma similaridade com os ritual praticado pelo Batuque do R.S.
Sabemos
que nem todas famílias do Batuque do R. S., fecham o seu Yàrá-òrìṣà
neste período, da mesma forma que o Lórogún, no
Candomblé, não tem sido divulgado.
Se
divindades se afastam da terra, segundo narram estas famílias do
Batuque R.S., quando enviam os òrìṣà
para a guerra, e
só voltam no Sábado de Aleluia as 11 horas da manhã, numa cerimonia
que Xapanã os trazem da guerra. Devemos considerar que
sem òrìṣà,
não há o
jogo de búzios e os serviços religiosos deveriam parar, afinal
seria um período ao qual o mundo estaria sem a presença destas
divindades, e até mesmo para aqueles iniciados suas divindades não
estariam com eles. Por isso, é um período de muita vigília
e segurança para preservar o bem estar espiritual familiar.
Notem
que o Sábado de Aleluia, é o único dia ao qual estas famílias aceitam que
as divindades possam chegar durante o dia, pois acreditam que o òrìṣà
só chega a noite, com exceção dos serões de cortes, que geralmente
começa na madrugada e terminam de cortar para Òòṣàálá, já com o sol claro
e as divindades ainda no mundo.
As
demais familias que não seguem o Lórogún, praticam seus
rituais normalmente, dão toques e fazem iniciações sem encerrar
atividades na Quaresma ou Semana Santa, sem dar atenção aos
rituais Católicos.
Quanto
ao ritual do Lórogún, nas atividades do Candomblé, não temos
mais relatos da pratica, eu acredito que poucos templos ainda o pratiquem.
Bibliografia
BENISTE,
José. Ọ̀run Àiyé, O encontro entre dois mundos.
Editora Bertrand Brasil, 1997.
BENISTE,
José. As águas de OXALÁ, ÀWỌN OMI ÒṢÀLÁ. Editora
Bertrand Brasil
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