sábado, 5 de maio de 2012

Candomblé, sacrifícios e a sociedade.


Irmãos e irmãs, ando, confesso, com a paciência saturada de ver e ouvir essas balelas de políticos, grupos ativistas e religiosos diversos sobre Candomblé e sacrifícios. Vamos ponderar alguns aspectos.

Sacrifícios rituais são presentes em várias culturas:

“Na Grécia Antiga, o sacrifício era de origem alimentar, envolvendo um animal doméstico como os que hoje nos servem de alimento, que seguia numa procissão ritual. A cabeça era cortada com uma espada curta, a machaira, que até ali estava dissimulada debaixo de cereal no cesto ritual, o kanun. O sangue que jorrava sobre o altar era recolhido num recipiente, tal como ainda se faz num açougue ou matadouro, abria-se o animal para se examinar as entranhas, e em especial o fígado, de modo a concluir se o sacrifício era aprovado pelos deuses. No caso afirmativo, a oferta era esquartejada e dividida nas suas diversas partes, tarefa que atualmente se faz num talho. As gorduras e os ossos maiores, completamente descarnados, eram deixados no altar para serem cremados, processo pelo qual se enviava o produto sacrificial aos deuses.”-Wikipédia.

“Ritos funerários de Toraja (fica numa região montanhosa do sul da Indonésia) são importantes eventos sociais, com duração de vários dias com a participação de centenas de pessoas em geral. Acontece que nestes ritos funerários, dependendo da importância de quem morre, acontece um sacrifício de animais. São búfalos, cavalos, cabras, aves, porcos, enfim, quanto mais importante/rico o falecido, inúmeros bichos são violentamente mortos com cortes na garganta. A família é que promove o ritual".

“Os sacrifícios constituíam parte essencial da religião dos incas. Nas ocasiões importantes, exigiam-se sacrifícios de animais ou pessoas, mas o comum eram as oferendas de flores, bebidas, folhas de coca e vestes, lançadas ao fogo sagrado. As diversas festividades, em que se realizavam procissões e danças rituais, eram estabelecidas de acordo com os ciclos agrícolas. Atribuíam-se as calamidades públicas à inobservância de algum preceito ou ritual, que devia ser confessada e expiada para acalmar a cólera divina.” – Portal São Francisco.”

“Na Bíblia hebraica, Deus ordena que os israelitas ofereçam sacrifícios de animais no santuário, ou tabernáculo. Quando os israelitas já haviam chegado à terra de Canaã, ordenou-se que todos os sacrifícios terminassem, exceto os que aconteciam no Templo de Jerusalém. Na Bíblia, Deus pede sacrifícios como um sinal de sua aliança com povo de Israel. O sacrifício também era feito para que Deus perdoasse os pecados, uma vez que o animal estaria sendo punido no lugar do pecador.” -Fote:Wikipédia.

“Na Bíblia cristã é referido, por exemplo, o caso de Abraão que, para provar a sua fé em Deus teria de sacrificar o seu único filho, imolando-o e queimando-o numa pira de lenha, como era costume para os sacrifícios de animais.“ –Wikipédia.

O Candomblé não é, foi ou será a única religião a fazer cortes de animais. E,se na base da fé cristã e hebraica, havia a mesma tradição, apesar de erradicada mais tarde, seus Deuses são, “tão malévolos” como os nossos.

Crueldade com seres vivos? Vale a pena esclarecer o seguinte: “cortes de bichos” na ritualística é diferente de assassinato.

Entendemos nas fés afro-brasileiras, ser processo natural da vida, matar para sobreviver nos alimentando. Todo ser vivo na cadeia alimentar, é predador do outro: os herbívoros comem as plantas e os carnívoros, animais diversos. E isso não é pecado, pois seria presumir algo ruim feito por Deus. É o ciclo da vida, onde até mesmo para evitar superpopulação de determinada espécie, há predadores e presas.

Bom, as plantas também sentem dor, podem não ter “estados mentais” dos animais, mas sente e como seres vivos, rejeitam a morte. Come-se então, o que? Pedra? Metais? Brisa?

Extermínio de espécies? Olha, sou a favor de evitar a caça para fins alimentícios, ritos ou de vestuário de animais em extinção (tem tanta coisa para se comer, vestir ou ofertar...tem o que está desaparendo do planeta?). Mas que eu saiba, bodes, cabras, galinhas, pombos e patos e etc...não constituem esse caso.

Vamos comparar as diferença entre as vitelas compradas num supermercado para churrasco e o sacrifício de um animal no Candomblé?
O churrasqueiro para saciar o paladar refinado da carne de alta qualidade, não se importa em saber que sua origem vem de bezerros entre três a quatro, cinco meses de idade. Confinados em baias, estes filhotes, são impedidos de moverem-se para terem o mínimo de músculos. São alimentados com substitutivo do leite deficiente de ferro, tornam-se anêmicos. A pobre alimentação visa atingir a nata da vitela: criação de carne branca e macia de bezerros machos. O abate destes, muitas vezes é longo, cruel e violento para atender a gula de meia dúzia de abastados.

O membro do Candomblé, para seu ritual, compra ou cria um bicho saudável, alimentado e crescido normalmente. O abate é com o mínimo de sofrimento possível, cuidando até mesmo que não se debata em dores. Extrai o sangue e algumas partes para oferenda dos Orixás. O resto é para consumo da toda a comunidade (muitas vezes ainda cedendo carne para vizinhos e amigos). Ou seja, nós temos métodos mais piedosos de obter alimento e apenas aproveitamos religiosamente, o que os cristãos desprezam, no seus abatedouros:o sangue.

Que baita hipocrisia fazer dos ritos envolvendo animais, polêmicas, acusando-nos de sermos atrasados e sanguinários, não é? O paladar humano na criação e abate de víveres, o comércio de peles e plumas e outros produtos de origem animal é bem mais perverso e violento e esse sim, assassina, ou seja, mata violentamente.

Então,ao meu ver, falta vontade política e militância daqueles políticos ditos pertinentes, a cultos afros e mobilização social da Comunidade como votantes, de fazer um movimento contra os que, com desculpa politicamente correta, visam somente perseguição religiosa.

Assim penso. Forte abraço a todos

Ya Rachel de Igbale.

Um comentário:

  1. EXCELENTE COLOCAÇÃO. É INADIMISSÍVEL ACEITAR TANTA HIPOCRISIA DE PESSOAS FANÁTICAS, QUE ÀS VEZES NEM TEM CONHECIMENTO DO QUE ESTÃO FALANDO E QUEREM SOMENTE AGREDIR. NÓS ESPÍRITAS TEMOS QUE VER IRMÃOS EM TODOS OS NOSSOS SEMELHANTES. PARABÉNS!

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