Cada vez mais é notada a enorme semelhança entre as Divindades do panteão grego com os Orixás cultuados por nós africanistas.
Sócrates já tinha se tornado rijo e frio em quase toda a região inferior do ventre quando descobriu sua face, que havia velado e disse estas palavras, as derradeiras que pronunciou: - Críton, devemos um galo a Asclépio; não te esqueças de pagar essa dívida.”
É desta forma que Platão narra os últimos momentos de Sócrates. Preocupado em rechaçar as acusações que haviam levado Sócrates à condenação, Platão procura retratar seu mestre como um ateniense bem-comportado, respeitador dos usos e costumes da época. Dentre os quais estava, sem dúvida, pagar as dívidas para com os deuses.
Em outras palavras, Sócrates pede a seu amigo Críton que pague uma obrigação, como diria qualquer pai-de-santo. Que os gregos faziam seus despachos, já está comprovado pela arqueologia.
Assim como os Orixás africanos, cada deus grego era agraciado com oferendas específicas.
Sacrifícios a Hermes incluíam incenso, mel, bolos, porcos e especialmente carneiros.
Zeus, por sua vez, preferia bodes, touros e cabras.
Os exércitos espartanos sempre viajavam com uma cabra para ser sacrificada ao mais poderoso dos olimpianos antes das batalhas, na crença de que isto lhes garantiria a vitória.
Outra forma de granjear a simpatia dos deuses era através das libações: derramava-se ao solo um pouco de vinho antes de bebê-lo. Parece aquilo que os brasileiros chamam de “dar um golinho pro santo”. Em ambos os casos, trata-se de uma relação direta com a divindade, justificada pela crença de que as condições de uma existência feliz dependem do beneplácito dos deuses.
São muitos os pontos de contato entre a religião grega clássica e as religiões afro-brasileiras. Ambas, por exemplo, fazem uso da orientação pelas divindades, embora os métodos variem muito: enquanto no Batuque usam-se búzios, os gregos valiam-se de oráculos, usando desde favas (caso das consultas menos importantes em Delfos) até o sopro do vento nas árvores (em um oráculo de Zeus).
Zeus, aliás, era simbolizado em Creta por um duplo machado muito semelhante ao que ostenta Xangô. Estas duas divindades têm muito mais em comum.
Tanto Xangô quanto Zeus são apresentados como senhores da Justiça, reis poderosos, autoritários ou até violentos, além de incansáveis perseguidores de parceiras femininas (embora Zeus fosse mais eclético neste particular, ilustrando o padrão bissexual aceito pelos gregos). O raio e o trovão simbolizam a ambos.
Comparemos agora Bará e Hermes. Bará representa um canal de comunicação, o princípio da mobilidade, o caminho. Por isto, o batuque sempre é aberto com invocações a esta divindade, para Bará tudo é feito em primeiro lugar.
Hermes, com suas sandálias aladas que permitem voar, é também um mensageiro. Assim como as oferendas a Bará são depositadas nas encruzilhadas, Hermes era homenageado com hermas nas esquinas e nas portas, isto é, em locais de passagem. As hermas eram pequenos monumentos feitos de pedra consistindo de um busto do deus e de um falo semi-ereto, pois Hermes era associado à fertilidade, o mesmo que Bará, dono da masculinidade e do órgão genital masculino.
Deusa da beleza, da vaidade, do amor, Afrodite mostrava seu domínio sobre as mais diversas faces do amor e da beleza humana, amando a alegria e o glamour.
As diversas festas realizadas em homenagem à essa divindade grega tinham o nome de “afrodisíacas”, eram sempre recheadas de farturas, sexualidades, paixão e amor. Podemos imediatamente associar à Oxum, que reina todos os campos da beleza e do amor.
Filho de Zeus e Hera, Ares era conhecido como o deus olímpico da guerra. Vestia sempre uma armadura e andava com seus cavalos que segundo a lenda, eram imortais e respiravam fogo. Suas armas eram o escudo, a espada e lança.
Soldados gregos em vésperas de batalhas, sacrificavam cães em oferta à Ares, para que este lhe conceda bênçãos de vitórias.
Na África antiga, esse culto era associado à Ogun. Orixá do panteão africano, dos mais antigos, regente das demandas, guerras, do aço.
Já ouvimos versões inúmeras sobre associações de deuses gregos com as divindades africanas, sendo que muitas dizem que um podem porvir do outro e vice-versa.
Se um é a forma evolutiva do outro jamais saberemos, mas que estão extremamente associados em sua forma de culto, habitat, ferramentas e outras coisas mais, isso é inegável.
Axé de Oxalá a todos.
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