quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Xangô é condenado a comer como os escravos.

Xangô Airá, aquele que se veste de branco, foi um dia às terras do velho Oxalá para levá-lo à festa que faziam em sua cidade.

Oxalá era velho e lento, por isso Airá o levava nas costas.

Quando se aproximavam do destino, vira a grande pedreira de Xangô, bem perto de seu grande palácio.

Xangô levou Oxalufã ao cume, para dali mostrar ao velho amigo todo o seu império e poderio.

E foi lá de cima que Xangô avistou uma belíssima mulher mexendo sua panela.

Era Oyá!

E era o amalá do rei que ela preparava!

Xangô não resistiu à tamanha tentação.

Oyá e amalá!

Era tentação demais para ele suportar, depois de tanto tempo pela estrada.

Xangô perdeu a cabeça e disparou caminho abaixo, largando Oxalufã em meio às pedras, rolando na poeira, caindo pelas valas.

Oxalufã se enfureceu com tamanho desrespeito e mandou muitos castigos, que atingiram diretamente o povo de Xangô.

Xangô, muito arrependido, mandou todo o povo trazer água fresca e panos limpos.

Ordenou que banhassem e vestissem Oxalá.

Oxalufã aceitou todas as desculpas e apreciou o banquete de caracóis e inhames, que por dias o povo lhe ofereceu.

Mas Oxalá impôs um castigo eterno a Xangô.

Ele que tanto gosta de fartar-se de boa comida, nunca mais teve permissão para comer em prato de louça ou porcelana.

Xangô foi proibido até mesmo de comer em alguidar de cerâmica.

Xangô só pode comer em gamela de pau, assim como comem os bichos da casa e o gado, e também como comem os escravos.


Axé.

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