Precisamos apenas o NECESSÁRIO para o culto, ou melhor dizendo o ESSENCIAL.
Mas o que de fato é essencial na nossa religião?
Sabemos que a crescente "comercialização" da Fé, faz com que Pai e e Mães de Santo criem LISTAS sem fim de ingredientes para uma feitura.
Muito acima da realidade financeira de clientes e futuros filhos.
É verdade, somos uma religião onde o culto é baseado na culinária sagrada, onde existem animais para sacrifício, onde costumamos assentar nossos Orixás e divindades em alguidares, potes, sopeiras, etc..., mas quem disse que um determinado ELEMENTO é fundametal? Não pode ser adaptado? Substituido e mesmo deixado de lado?
Sem entrar no mérito, nos segredos, nos orôs, propriamente ditos, sabemos que o fundamental é o Otá ou Ocutá, onde vive, fixa-se o Orixá, o resto, como dizia meu Babá "é delírio", quer dizer, é OPCIONAL, dentro das posses (ou desvarios) de cada um.
Coisas como búzios banhados a ouro, Igbás folheados a ouro, pedras preciosas, jóias, ou mais simples como nota de Euro, Dólar, miniaturas de peixinhos dourados, espadas, adagas, abanos, chapeus, etc, são coisas absolutamente desnecessárias, pois não fazem qualquer diferença "nos fundamentos".
Do mesmo modo, indumentárias e paramentos carnavalescos, não fazem daquele Orixá melhor que o outro, que vem enrrolado em panos, em folhagens, em palhas da costa ou folhas de mariô (coqueiros).
Quem convive no Batuque, na Religião, sabe o que estou dizendo.
Lembro-me de uma conversa com u m irmão de religião, que na sua feitura no Candomblé, tinha um rabo de cascavel.
Na época era muito caro!
Ele disse que não lembrava o preço, mas imaginou que para chegar na loja, aquele rabo de cascavel "viajou" muito, e que aquela soma exorbitante que ele pagava, jamais chegaria a quem retirou o chocalho da cobra e ficaria na mão dos "atravessadores".
Isso sem falar da pobre cobra que perdeu seu rabo!
Disse ainda que sem falar nas penas de pavão (carissímasssssssss) e o faisão para Oxum (mais caro ainda) e um monte de "coisas" que no final das contas não fariam a mínima diferença no AXÉ mas só fariam diferença na fatura do cartão de crédito.
Isso sem falar em Ogum usando capacete de soldado romano, Xangô com corôas de três andares cravejadas, as Yabás com paramentos que mais pareciam um bolo de festa de casamento - daqueles de 3 andares - e se bobear, pisca-pisca de árvore de Natal em cima.
Os "Mais Velhos" sabem muito bem, gente séria no santo, o que PODE TER NUM ASSENTO E O QUE NÃO É ESSENCIAL.
Quem sabe, sabe, e para não ferir preceitos, não vou dizer aqui. Mas, também sabemos as listas milionárias que saem dos Ilês Axés para as lojas de santo, com o aval do Pai e Mãe de Santo, ou conluio dele com o comerciante. Para "meter a faca" no filho ou no cliente.
Isso quando o Pai ou Mãe de Santo não diz: "Vou te mandar aí a Dona Fulana, dondoca, mete a faca nela que ela é desentendida do culto".
Para propor que voltemos ao tempo de que "com uma vela e um copo dágua se levantava uma vida" ou comparativamente, com um galo, um frango, uma comida seca, um pombo, se abria caminhos de muita gente!
Quem tem santo de verdade e já viu MILAGRES sabe do que estou falando.
Não somente na Nação, mas também na Umbanda. Não estou desqualificando nem generalizando as Casas sérias. As listas justas. Os ingredientes realmente necessários, como uma d`Angola, um pombo, um Igbi. (Quem sabe sabe!) Nem um Obi ou Orobô! (Quanto poder tem!!!!), mas apenas refletindo sobre esta comercialização absurda, conta o "gasta-gasta", e repensando que para Deus, "copo dágua é remédio".
Àse gbogbo.
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