quarta-feira, 28 de março de 2012

Oxum

A rainha do candomblé como é chamada por Vialle (2007) é a dona do ouro e da prata e dos mais ricos encantos femininos. Das yabás, os orixás femininos, só Oxum tem os poderes de penetrar no reino de Ifá, o senhor da adivinhação.

Somente ela pode jogar os dezesseis búzios divinatórios de Exu.

Para Verger (1981), Oxum é muito bonita, dengosa e vaidosa. Gosta de pano vistoso, marrafas de tartaruga e possui uma grande paixão pelas jóias de cobre.

Antigamente, na terra dos iorubás o cobre era um metal muito precioso e todas as mulheres elegantes possuíam jóias pesadas de cobre. Conhecida como mãe das mães pelos mais tradicionais candomblés do Brasil de rito nagô-kêto, é o orixá relacionado com a beleza, a vaidade e a procriação.

Para os nagôs é Oxum; a nação jeje é conhecida como Aziri; em banto, Kissimbi.

A divindade da água doce é a mais jovem das mulheres de Xangô. Também é conhecida em alguns candomblés como a ninfeta próximo de sua fonte. Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora da Conceição.

Nos candomblés é festejada no dia 08 de dezembro. A mãe das mães é o símbolo do poder feminino de procriação.

Segundo Verger (1981), “sem Oxum não há filhos” (LIMA apud VERGER, 2007). As mulheres são controladas em sua fecundidade de acordo com o desejo de Oxum.

De acordo com as lendas, os Orixás se reuniam na terra para deliberarem suas ações e as mulheres não podiam participar das reuniões.

Portanto, Oxum tornou todas as outras mulheres estéreis e impediu que as atividades planejadas pelos orixás chegassem a um resultado satisfatório. Quando os orixás foram se queixar com Olodumaré, ele questionou sobre a não participação de Oxum nas reuniões. Segundo Olodumaré, todas as atividades não poderiam dar certo sem a presença da fertilidade de Oxum. Quando os orixás convidaram Oxum para participar dos seus empreendimentos, todas as atividades foram realizadas com sucesso e as mulheres voltaram a ser férteis.

Embora seja conhecida como a mãe das mães, Oxum no seu primeiro casamento com Orumilá, o orixá da sabedoria e da advinhação, não teve filhos. Como presente de núpcias, ganhou dezesseis búzios que são usados pelos sacerdotes de Oxum. Como Oxum não ficou grávida durante o casamento, de acordo com as tradições africanas isso foi considerado uma desgraça. Então Oxum permitiu que seu marido tivesse filhos o abandonando.

Depois, Oxum descobre em seu novo esposo Xangô Aieledje que a sua personalidade se completa e foram muito felizes como marido e mulher.

Mas mesmo assim Oxum não lhe deu filhos. Ambos concordaram então, que Oxum deveria voltar ao seu antigo marido para pedir que ele consultasse Ifá para saber o que estava acontecendo. Orumilá fez com que Oxum fosse transportada ao céu onde escutou a voz de Olodumaré. Oxum teve uma visão onde viu uma multidão de meninos e meninas que corriam em sua direção.

Oxum lhes ofereceu doces e ao se despedir retirou gostosuras de um pote que trazia no topo de sua cabeça. Quando Oxum retornou, chorou muito e contou para Orumilá. Este o parabenizou dizendo que ela estava grávida. Quando Oxum engravidou, todas as outras mulheres que eram estéreis também engravidaram sendo que nasceram muitas crianças. Ela usava de seus poderes para baixar a febre das crianças e todas as outras mulheres faziam oferendas em seu favor.

Para Lakesin (1991), Oxum ganha o título de Irunmalé Olomowewê, a divindade protetora das crianças, pois na terra ioruba ela curava a febre de todas as crianças sem nenhuma dificuldade. (LIMA apud LAKESIN, 2007, p. 107).

Oxum é adorada como a mãe da água doce. Conquistou poder e sabedoria por meio de seu comportamento sedutor, meigo e cheio de dengo. Essas também são as características dos filhos da Oxum.

Há um rio que tem o seu nome e deságua na Lagoa de Olobá próximo ao Golfo de Guiné, depois do território de Ijexá. Os africanos iorubás fizeram de suas lindas mulheres os mais belos rios da África: Oiá na Nigéria e o Rio Oxum, em Oxogbo, a morada mais bela de Iyabá.

Dessa forma, o toque dos atabaques para a dança no candomblé é denominado Ijexá, pela beleza da mulher faceira que exibe os seus colares e as pulseiras, dançando diante de um espelho, vaidosa, linda e sedutora.


OXUM: DE MÃE E FILHA FAVORITA A ESPOSA ENCANTADORA

Embora fosse considerada a mãe das mães, Oxum também é a filha favorita de Orixalá e de Iemanjá. Sendo a filha mais nova do casal, alguns mitos apontam à ilegitimidade dessa paternidade. Orixalá aceitou Oxum como filha adotiva, sendo ela filha de Orumilá com Iemanjá.

Foi cercada por muito mimo, até que Xangô se apaixona por ela e invade o palácio, tendo Orumilá que concordar com o casamento.

Muito dengosa forçou que Xangô deitasse a seus pés devotando-lhe amor. Mesmo considerada uma boa mãe, conta-se que Oxum lava primeiramente as suas jóias antes mesmo de lavar os seus filhos.

Conforme Segato (2005) alem de Oxum ser uma “filha dócil, boa e atenciosa para com eles também é a amante preferida de Xangô”. (p. 78).

Considerada como a mãe de criação dos santos, em oposição a institucionalização de Iemanjá. Alguns dizem que ela é mãe legitima de Ibeji, outros dizem que ela é mãe de criação.

Oxum é deusa sensual, meiga e vaidosa das águas doces e do ouro. Rege os órgãos reprodutores femininos e a sua própria fertilidade. Sua cor é o amarelo. Come galinhas amarelas, patos, galinhas-d’angola, cabras, porcos castrados e gosta de mel e de doces. É assentada em uma pedra amarela e suas oferendas são despachadas em águas ou próximo delas. Santo Católico: Nossa Senhora do Carmo (SEGATO, 2005, p. 78).

Além de filha favorita, Oxum é a esposa encantadora e conquistada por Xangô. Quando Xangô se apaixonou por Oxum, ela primeiramente o recusou. Xangô trancou Oxum em uma torre muito alta e a manteve como prisioneira obrigando que ela o aceitasse. Quando Exu descobriu o feito, correu para fazer um pedido a Olorum que soprou em Oxum um pó e a transformou em uma pomba libertando-a da torre pela janela.

Oxum foi a segunda mulher de Xangô. A primeira chamava-se Oiá-Iansã e a terceira Obá. Quando Xangô foi pedir Oxum em casamento, ela colocou uma imposição. Disse que somente aceitaria casar se Xangô levasse o pai dela nas costas para que ele pudesse assistir ao casamento.

Oxum é a preferida e está sempre atenta para manter-se a mais amada. Muito apaixonado Xangô prometeu que depois do casamento carregaria o seu pai no pescoço pelo resto da vida. Depois de casados confeccionou com contas vermelhas e contas brancas um colar com as duas misturadas. Colocou no pescoço e mostrou a Oxum dizendo que havia cumprido a promessa. As contas vermelhas seriam de Xangô e as contas brancas de seu pai que carregaria o resto da vida no pescoço.

Embora demonstre doçura e encanto, Oxum não tem somente atributos positivos. A rainha do candomblé também possui características negativas em sua personalidade. São Chantagistas, choram para ter a piedade dos outros, dramáticas, matreiras, debochadas, possessivas, exigentes, ciumentas e altamente autoritárias.

Costumam palpitar sobre os problemas alheios e adoram fazer criticas.

Oxum para ser a preferida de Xangô usou também de artifícios maquiavélicos. Ela adora enganar Obá chegando a induzí-la a cortar a sua própria orelha para cozinhar e servir para Xangô. Mentiu dizendo ser o prato preferido do marido. Xangô ficou enojado e enfurecido com Obá. Da mesma forma ela engana Eleguá que, a serviço de Obá para fazer um sacrifício, corta erradamente o rabo do cavalo de Xangô. Todas as vezes que Obá queria agradar o marido ela acabava sendo odiada por ele por conta das mentiras de Oxum.

Por ser a responsável pela irrigação e fecundação da terra, possibilitando o surgimento de uma nova vida, Oxum é freqüentemente evocada para propiciar uma boa colheita e torna-se a esposa ideal. Padroeira dos negociantes e da fecundidade protege o feto e a criança desde a gestação. A segunda esposa de Xangô, tendo vivido em outras épocas com Ogum e Oxóssi, possui poderes sobre o ocultismo, a arte da magia e a fertilidade.

Na África, Oxum é chamada de Iyalode, o cargo ocupado pela mulher mais importante, mais instruída e a rainha da nação. Quando Oxum foi a rainha de Oyó, as mulheres que queriam engravidar procuravam Oxum para alcançarem à fertilidade.

Oxum é a deusa do ouro e a prata. Os poderes sobre o ocultismo vinham através de um espelho que possuía que lhe mostrava toda a verdade oculta. Certa vez, sua irmã Iansã, a dona dos raios, pegou o espelho de Oxum e descobriu que era muito mais bonita do que ela. Então, como toda a aldeia ficou sabendo, Oxum ficou muito brava e resolveu dar uma lição em Iansã. Oxum colocou em seu quarto um outro espelho que revelava somente o lado ruim de todas as coisas. Iansã quando viu ficou tão chocada que entrou em uma tristeza profunda que acabou morrendo. Oxum foi castigada pelos deuses mais velhos quando descobriu a sua vingança. Por esse motivo, Oxum Opará tem em suas mãos um espelho e em outra uma espada que representa Iansã. (VERGER, 1987, p. 85).

Para Segato (2005) além de Oxum exercer uma grande influência no comportamento das pessoas. Ela também rege principalmente o lado teimoso e manhoso, e o espírito maquiavélico que existe em todos nós.

O que é colocado em “relevo a capacidade que Oxum tem de cuidar do bem-estar dos outros, de promover o conforto das pessoas que estão ao seu lado” (p. 400). Em outro sentido, Oxum “é o veneno das palavras", é o modo piegas das pessoas, é a forma "metida", esnobe apresentada principalmente pelo sexo feminino. É o cochicho, o segredinho, a fofoca. Os filhos de Oxum “[...] são faladeiras, gostam de um fuxico, são enxeridos. Eles gostam de “fazer render” (grifo do autor) qualquer assunto” (SEGATO, 2005, p. 213).

Os poderes da divindade vão além dos seus encantos e formosura. Foi de Oxum a responsabilidade atribuída por Olodumaré de religar o céu (orun) e a terra (o aiê).

Os orixás não podiam mais conviver com os humanos e Oxum veio a terra para prepará-los para recebê-los em seus corpos. Entretanto, Oxum é a inventora do candomblé. Através de Oxum os orixás vem a terra dançarem ao som dos atabaques e xequerês. Juntou as mulheres, banhou-as com ervas, raspou e ordenou as suas cabeças com penas de um pássaro sagrado, enfeitou seus colos com colares e fios coloridos, pulseiras e idés.

Um dos poderes da Oxum é o de persuasão e inteligência. Com esses atributos ela faz com que os outros orixás se curvem ao seu poder. A Oxum Ijumú, que é a rainha de todas as Oxum tem o poder maior e uma ligação com as bruxas Yami-Ajé que lhe faz conquistar a vitória em todas as suas brigas e vinganças. Entre os rituais de iniciação do candomblé, as filhas de santo usam uma pena vermelha na testa, que segundo Verger (1987) é em reverencia aos poderes mágicos de Oxum.

Em uma festa de Oxalá, as sacerdotisas dos vários orixás ficaram com inveja da beleza de Oxum. Portanto, puseram um feitiço. Quando todos se levantaram para saudar Oxalá, ela ficou presa na cadeira e suas roupas ficaram sujas de sangue. Neste momento todos riram e Oxalá ficou zangado. Oxum ficou muito envergonhada e tentou se esconder, mas nenhum orixá lhe abriu a porta. As manchas de sangue na roupa de Oxum foram transformadas em penas de papagaio. Quando os outros orixás souberam dessa magia vieram prestar homenagens a Oxum. Então Oxalá lhe deu a proteção das filhas de santo, que durante a iniciação passaram a usar uma pena vermelha na testa. (VERGER, 1987, p. 76)

Àse gbogbo.

Um comentário:

  1. sou tipico filha de oxum mesmo cai perfeito as caracteristica dela sobre mim!viva minha mae oxum.

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