Coluna de Pai Cleon publicado no Diário Gaúcho na data de hoje, 08/11/2011, sob o titulo de "Aos babalorixas e ialorixas".
A partir de uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, me dei conta que, em poucos anos, as religiões de matriz africana têm crescido muito. Porto Alegre é a capital em que mais existem terreiros e religiosos praticantes. Mas estou preocupado com o futuro de nossa religião.
Nos últimos meses, muitos pais e mães de santos morreram, pois é a lei da vida. Isso me deixa triste, pois seus templos têm 30, 40 anos. Nossa religião é a única no mundo que durante uma noite inteira de culto, serve comida a todos presentes. Ajudamos instituições em qualquer ritual que realizamos. Não somos descendentes de escravos, como dizem os livros escolares. Somos descendentes de civilizações africanas, de reinados fortes e poderosos, de reis e rainhas. Somos parentes de homens e mulheres que desevolveram a escrita, a astrologia e a ciência. Por isso, peço a todos os pais e mães que preparem e organizem seus terreiros, sua família e seus filhos de santo, para no momento em que o pai Oxalá vos chamar, eles possam dar continuidade ao axé, aos rituais, aos fundamentos.
Nossa religião tem muitas coisas bonitas, e a nova geração necessitará de muita força espiritual, como sabedoria dos caboclos, a benzedura dos pretos-velhos, a alegria dos cosmes e a força espiritual de nossos orixás.
Nós, pais e mães, devemos nos conscientizar que não seremos eternos.
Devemos preparar um membro de nosso templo para garantir a preservação de nossa religião.
A morte não pode significar extinção total. Morrer é uma mudança de estado, de plano.
Cada um de nós traz consigo seu destino. O ser que completou com sucesso a totalidade de seu destino está maduro para a morte.
Quando passa da terra para o céu, tendo sido celebrados os rituais pertinentes, transforma-se em ancestral, respeitado e venerado. Poderá inclusive ser invocado como Egun e fortalecer aqueles que ficarão dando seguimento aos seus fundamentos religiosos. Axé de Oxalá.
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