Arissun ou Axexe é como denominamos a missa realizada para Egun. O Egun é um espírito que normalmente trabalha mais rápido que os Orixás e que muitas vezes, durante o Xirê de Batuque, se apresenta como tal. Sua presença è notada através de seu elan (grito), que é totalmente diferente do emitido pelo Orixá.
Ao irmos participar de um arissun, como forma de evitar possíveis danos causados por um ritual mal feito, o ideal é sabermos com antecedência o nome completo do falecido e sua dijina.
Devemos estar com Eledà (cabeça) coberto, vestidos com axó branco ou roupas claras.
Ao sairmos para participar de um axexe, algumas nações tem como fundamento a necessidade de deixar preparado um axé para Oyá e um ecó de cinza,
colocados atrás do portão, para que, quando haja o retorno, sejam lavados o rosto, os pés e as mãos.
Da mesma forma, em algumas nações, os participantes são proibidos de beber água, largar cinza de cigarro no chão, assobiar e dormir.
Na Nação Cabinda tem-se que ao chegar ao Ilê, onde será realizada a missa, se encontra os atins (pós) usados no ritual. São eles: pó de tijolo, de pemba, cinza, coloral, café, chimarrão, palitos e um mieró de quebra (feito com ervas).
Após, cumprimenta-se o os eguns diante do Balé, batendo palmas nove vezes, com o giro correspondente, saudando-os.
Inicia-se o arissun cantando rezas apropriadas para Egun, onde a roda segue em determinado momento no sentido anti-horário e em outro momento no sentido horário, sempre com os braços balançando (abanando).
Durante toda cerimônia não se retira os calçados.
Ao término das rezas para o Orixá, retornamos o canto para Egun, onde se faz necessário o abano dos lenços brancos para assim haver o desligamento do morto com o plano material, com os humanos.
Durante o ritual, é costume chegar Orixá no mundo, mas o mesmo vem de forma silenciosa, não dando o seu elan, (grito) e permanece até o retorno da praia.
Após o Orixá é despachado inteiro.
Ao se despachar o “saco” na praia, devemos seguir um caminho e retornarmos pelo outro, como forma de “enganar” o Egun.
No decorrer do arissun, canta-se para os Orixás do morto que estão indo embora, enquanto quebra-se suas vasilhas e quartinhas. Rasga-se a roupa religiosa do falecido. É interessante observar que cada Babalorixá, Ialorixá ou filhos-de-santo que tenha obrigações de quatro-pés, deveria por obrigação, possuir seu copo, sua xícara e talheres de uso particular, já que os mesmos serão utilizados para sua missa, onde estarão seus objetos pessoais, seus vícios e seus alimentos preferidos, que serão incorporados na mesa no dia do café, realizada no sétimo dia após sua morte.
Tudo é quebrado e colocado dentro de sacos, que podem ser de panos ou plásticos. Costuma-se também usar balaios. Os sacos e/ou balaio sempre serão carregados "embalados".
Ao retornar da praia, é passada uma limpeza em todos os participantes e os mesmos podem então retornar aos seus lares, sempre esfriando a rua antes de sair do local. Antes de adentrar em sua residência, pode-se esborrifar a pessoa. Pode-se utilizar ainda uma limpeza com fogo, retirando toda e qualquer impureza que por ventura ainda reste na aura do participante. Também pode-se utilizar para limpeza de um pequeno saquinho contendo cinzas, limpa, préviamente peneirado, utilizado ao sair de cemitério, etc...
A principio os únicos Orixás que não são despachados são o Legbá para os Cabindas e Oyá Timboá para algumas Nações, já que eles são considerados guardiões do templo e continuam sob os cuidados da família consanguínea, de preferência por um membro do sexo masculino. Veja-se que em algumas nações o fundamento determina que inclusive o Legbá seja despachado.
Assim, tudo depende dos fundamentos da nação a que pertence o falecido, o Ilê e assim por diante.
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