sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Balança

Balança é o coroamento!
A balança é o coroamento,é a confirmação da festa de quatro patas para os orixás.É a reunião de todos os orixás numa roda onde somente os prontos e os Babalorixás e Yalorixás podem participar. A balança é o termômetro que medirá o comportamento da obrigação, pois, de acordo com a suavidade com que os orixás se comportem ao dançar, na mesma, terá sido a aceitação ou não daquele ebó pelos orixás. Em hipótese alguma a balança poderá rebentar, depois que a mesma for fechada e que o tamboreiro começa a tocar o axé de reza para a balança, sob pena de que alguma das pessoas que integram aquela obrigação ou até mesmo que o chefe do terreiro venha a morrer decorrente de haver sido arrebentada a balança.

O orixá, quando a festa for de quatro patas, não deverá chegar antes de iniciar a balança, pois, o mesmo, só chegará antes se a obrigação estiver errada ou se algo de muito grave estiver para acontecer e o mesmo veio para avisar.

Quando se fizer uma balança para os orixás novos, de Bará a Xapanã e outra para os orixás velhos, Oxum, Iemanjá e Oxalá, a pessoa que participar de uma (novos), não poderá participar de outra (velhos).

Algumas das principais características do Orixá Xangô, são: dualismo, equilíbrio e justiça. Uma da sua principal arma, o osê (machado de lâmina dupla), ademais de ser o símbolo da liberdade do homem africano, é um exemplo dessas características citadas anteriormente.

Essa dualidade produz o equilíbrio, essência mesma da justiça.
As lâminas duplas do Osê são o bem e o mal; o poder humano do Alafim e o poder do Òrìxá; a temporalidade e a eternidade; a construção e a destruição; o vermelho e o branco; o sangue, paz e guerra.


ÒWÁ RI’ GODO ÀKÀRÀ O! À NÍ SE, A NÍ SE. (Poderoso Ogodo, Você que procura e recolhe a força cósmica que chega a nós, compartilha essa força para realizar a acometida).
ADÉ OWÓ
(Coroa valiosa)
A NÍ SE, A NÍ SE
(Compartilha essa força – a força da coroa)
A NÍ SE O! OBA ORÓ
(Compartilha com nós teu poder, oh grande, poderoso, temerário Obá.)


Depois do ritual da balança, os atabaques tocam o “alujá”, dança predileta de Xangô - que é proibida (ewó) aos filhos de Oxalá.
O ritual da balança, é coberto de múltiplas histórias, a maioria delas fantásticas, mas não todas elas reais e fundamentadas.
Quantos batuqueiros, além de conhecer e até participar, tem realmente certo o POR QUÉ e PARA QUÉ deste ritual; o significado; a obrigatoriedade de fazê-lo, e verdadeiro fundamento?

No Batuque TRADICIONAL a direta responsabilidade das feituras e de toda imolação é exclusiva do Bàbá ou da Iyá do Ilé. O ritual da balança é entâo, o julgamento do atuado pelo responsável, pelos próprios Orixás. De fato, é Xangô quem julga. Na correta leitura do acontecido em esse ritual, pode se compreender a aceitação, ou não, de toda a obrigação.

Nenhum ritual é feito por capricho, nem por simples razões coreográficas. A opinião que muitas vezes ouvimos, de que “isso se faz por tradição”; ou “eu faço porque assim me foi ensinado”; ou “faço assim porque sempre vi fazer assim”, não só é um exemplo da perda de transmissão de fundamentos que nosso culto sofre. É principalmente a perda da maravilhosa oportunidade de nos enriquecer com o conhecimento de uma cultura milenar, uma filosofia de vida; o encontro com a nossa própria essência e o convívio harmônico com o micro e o macrocosmos...


Balanças de Orixás:
*Para Bará (Legba, Lodê) Ogum (Avagã):
Composta de 14 ou 07 homens (só homens) e com a porta da rua aberta.
*Para Bará, Ogum, Iansã, Obá e Ossanha:
Composta de 14 ou 07 pessoas (homens e mulheres)
*Para Xangô:
Composta de 12 ou 06 pessoas (homens e mulheres)
*Para Xapanã:
Composta de 18 ou 09 pessoas (homens e mulheres)
*Para Odé, Otim, Oxum, Iemanjá, Oxalá:
Composta de 32,16 ou 08 pessoas (homens e mulheres).
Quando a balança não for específica para um orixá ela deve ser composta por pessoas em múltiplos de 06 ou de 08: 06, 12, 18, 24, 30 ou 08, 16, 24, 32.


Axé da Balança
Amaô eliço bô xangô acaraô anicéu anicéu
R:Eliço godô acaraô anicéu anicéu
Abaorô
R:Anicéu anicéu
Enicéum abaorô
R:Anicéum abaorô
Eliço godô acaraô anicéum,anicéum
R:Eliço godô acaraô anicéum,anicéum
Alujá.

Axé da Balança e Alujá com Babalorixá Antonio Carlos de Xangô

3 comentários:

  1. Na cabinda, a balança serve para que o egum fique preso no meio da roda é a briga do egum com os orixás, por isso é fechada e direcionada para o centro, pois o egum está no centro, e cercado pelos orixás não consegue sair. Os orixás na balança protejem a obrigação de quatro pés,não deixando que o egum entre.Para nós de cabinda devemos sempre cercar o egum para que ele não chegue na obrigação. Quando uma balança arrebenta e leva alguém é porque o egum conseguiu sair do meio da balança, por consequência acaba por levar alguém.

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  2. Meu irmão ou irmã Anônimo.

    Como consta no texto apresentado a Balança no Batuque TRADICIONAL representa o julgamento pelos Orixás da obrigação e a responsabilidade das feituras e de toda imolação, responsabilidade esta exclusiva do Babá ou da Iyá do Ilé. O ritual da balança é então, o julgamento do que foi feito pelo responsável, pelos próprios Orixás. Como é sabido por todos é Xangô quem julga. Na correta leitura do acontecido em esse ritual, pode se compreender a aceitação, ou não, de toda a obrigação.

    Em relação a seu comentário, eu poderia fazer as seguintes perguntas para reflexão:

    - Quando inicia o batuque, onde esta o egum?

    - Enquanto não acontece a balança o egum não poderia chegar na obrigação?

    - Como a balança deve ocorrer na reza de Xangô, a obrigação esta desprotegida contra o egum até aquele momento?

    - Estando toda a obrigação no Quarto-de-Santo, com a força e luz dos Orixás vibrando intensamente, qual egum teria força para chegar até a obrigação?

    - Onde estão os Orixás?

    - Cercar o egum somente na hora da balança? E antes da balança? E depois da balança?

    - Veja que, após breve reflexão, pode se observar que a balança é muito mais do que simples prisão de egum.

    Apenas para reflexão!

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  3. Até por que um Egum nunca teria força o suficiente para rebentar um circulo formado por Orixás.

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