Minha homenagem a meus ancestrais, a memória de meu Babá Enio de Oxum e a minha madrinha de axés de obé e búzios Mãe Saionara de Oxum.
"Saudade
é um sentimento
que quando não cabe no peito
escorre pelos olhos." Bob Marley
Meu Baba Pai Enio d'Oxum.
E já são quase 7 dias de sua partida, partida dolorosa, difícil de assimilar. Ficamos com esta saudade que queima nossos corações. Meu Baba, Pai de Santo, Padrinho, Compadre, Confidente e Amigo. Este foi meu Baba Pai Enio d’Oxum, que não tinha hora para conversar, para ouvir as dúvidas, os problemas, o lamento e a alegria da vitória de cada filho.
Um dos maiores sacerdotes do culto aos Orixás da Nação Cabinda. Um homem de memória invejável, longa visão e de inteligência privilegiada.
Pai Enio d’Oxum, como é conhecido por todos, iniciou-se na mais tenra idade, junto a bacia de Pai Romário de Oxalá, nos caminhos da espiritualidade em tempos que para ser africanista era preciso ter realmente vocação e coragem para enfrentar as duras doutrinas disciplinarias que eram impostas pela religião aos seus adeptos. Mas ele não se limitou apenas em seguir os penosos preceitos religiosos que lhe foram impingidos, foi além e se tornou um baluarte, um ícone na religião africanista, um dos pilares da Cabinda de raiz, e em sua jornada religiosa foi reconhecido por sua extrema fidelidade e seriedade, pela transmissão do Axé que recebeu dos ensinamentos de Pai Romário.
Nada na vida acontece por acaso. Lembro, como se fosse ontem, quando meu Baba disse, sentado na área em frente a porta do salão, que já sabia e me esperava para ser seu filho de santo, mesmo sem me conhecer. Já haviam lhe avisado. Ele me disse quem lhe avisou e hoje eu entendo o porque. São os mistérios da espiritualidade, que hoje eu vou compreendendo, graças aos ensinamentos de meu Baba Pai Enio d’Oxum.
Nunca esqueço que em outra oportunidade ele disse: “vai comigo num arissum, leva um caderno, olha tudo e anota tudo.” E assim fiz. E assim, fui fazendo, e assim fui vendo, anotando e aprendendo, e hoje agradeço a meu Baba por ter participado da minha vida, da minha caminhada, de forma tão intensa, onde em tão pouco tempo tantas coisas maravilhosas aconteceram.
Com sua imensa sabedoria e carinho, me fez uma pessoa muito melhor.
Sou de Cabinda, e ninguém tirará o orgulho de ser filho de Enio d"Oxum, neto de Romário de Oxalá, bisneto de Madalena d"Oxum, tataraneto de Waldemar d"Xangô Kamuká.
Sou de Cabinda, Sou Seu Filho de Santo, Seu Afilhado, Seu Compadre, Seu Amigo.
Meu Baba.
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