domingo, 8 de abril de 2012

Diferentes origens de Esu - 3


ESU - ELEGBARA

No maravilhoso panteão africano existem centenas de entidades espirituais, objeto de culto dos seguidores das religiões africanas.

Todos esses deuses representam manifestações diferenciadas de um Deus supremo, Olodumare, e se encontram divididos em duas hierarquias distintas.

Os orixás Funfun ou orixás do branco, pertencentes a mais alta escala hierárquica, teriam participado da criação do universo, conhecido e desconhecido, seu número é incalculável, como desconhecidos são, na maior partes das vezes, seus nomes e funções.

Numa hierarquia imediatamente abaixo, encontram-se os Ebóras, os mais conhecidos e cultuados pelos seres humanos em decorrência de sua maior proximidade.

Estas entidades estão relacionadas aos elementos naturais, aos fenômenos e manifestações da natureza, como também aos reinos mineral, animal e vegetal. Acessam e influenciam também os planos sutis de existência, como o etérico, o astral, o mental, etc.

Desta forma, pertencem a categoria mais elevada orixás como OBATALÁ, ORUNMILÁ, ODUDUWA, OXAGUIAN, OXALUFAN, BABÁ AJALÁ, além de muitos outros, enquanto que os mais conhecidos e cultuados como OGUN, XANGÔ, OXÓSSI, OXUN, YEMANJÁ, IYANSAN, etc., fazem parte do grupo de Ebóras, embora recebam, também, a denominação de orixás.

Apesar da perfeita distinção hierárquica, nenhum deles é tão importante, tão poderoso e ao mesmo tempo tão injustiçado quanto Exú.

Desde o primeiro contato com os seguidores do culto aos orixás, os missionários cristãos, reconhecendo o grande poder e a enorme influência exercida por Exú sobre os povos aos quais pretendiam dominar pela imposição de suas religiões, trataram de desmoralizar esta entidade e a única forma que encontraram para isso foi associá-lo à execrável figura do seu próprio demônio.

A concepção de um ser inteiramente mau era, para o negro africano, absolutamente inexistente. O mal e o bem se confundiam e sua distinção ficava dependendo da posição ocupada por cada um diante de um acontecimento qualquer. O que era mal para um, poderia representar o benefício de outro e vice-versa.

A prática de maldades era atribuída à certas entidades possuidoras do poder da feitiçaria, denominadas AJÉS e que, independente de sua ação quase sempre maléfica, podiam também praticar o bem, sempre que isto lhes aprouvesse.

Quando o culto se estabeleceu nas Américas a confusão já estava estabelecida, muito embora os seguidores do verdadeiro candomblé tenham a plena consciência de que Exú não é o diabo cristão e nada tem a ver com aquela figura maléfica.

Com o surgimento da umbanda, a confusão tornou-se ainda maior. Determinadas entidades espirituais, dotadas de características próprias e "modus operandis" semelhantes, foram confundidas com Exú, quando na verdade são espíritos desencarnados, eguns, que através das manifestações mediúnicas visam cumprir missões que não me cabe explicar.

Não existe Exú fêmea e o Exú de qualquer orixá, seja este masculino ou feminino, será sempre um Exú orixá e, portanto, masculino.

As chamadas pomba giras, assim como os denominados Exús cultuados na umbanda e que, como já foi anteriormente dito, são na realidade eguns, não podem, portanto, ser cultuados como Bara individual de ninguém e, muito menos, assentados como Exús de qualquer orixá.

A verdadeira importância de Exú deve ser resgatada e seu status, enquanto Orixá, revelado, muito embora isto possa provocar tensões entre numerosos segmentos de adeptos, tanto da Umbanda, quanto do Candomblé.

Todavia, é necessário que se esclareça quem é Exú na realidade, e principalmente, qual a sua importância, não só na manutenção de toda a estrutura filosófica do culto, como também no que se refere à existência de todas as formas de vida manifestadas a nível material e espiritual.

EXÚ é, na realidade, um orixá de altíssima hierarquia e muitos são os seus atributos, podendo mesmo ser considerado como o alicerce sobre o qual se apóia todo o nosso sistema religioso.

É Exú quem transporta as oferendas destinadas à qualquer orixá e até mesmo à Iyámi Ajé e, nesta função recebe o nome de ÈSÙ OJISÉ ELÉBÓ.

Com o titulo de ELERU, assume a função de patrono do carrego e é ele quem transporta todas as restituições à terra em forma de oferendas feitas pelos homens.

No orí de cada indivíduo, Exú está associado ao destino e ao Iporí de cada um como o seu Exú ou Bara Pessoal. Está ligado, ainda, à boca e ao estômago, lugares por onde passam os alimentos e ai destaca-se sua função de ENUGBARIJÓ, a boca coletiva ou boca do mundo.

Ogum é o primogênito na constelação dos orixás, mas exu é o primogênito do universo, o primeiro procriado na interação dos dois princípios distintos de Olodumare: OBATALÁ E ODUDUWA.

Este é ÈSÙ AGBÀ, o Exu Ancestre, também chamado de ÈSÙ YANGÍ.
Yanguí, a representação mais importante de exu, é assim saudado nos terreiros: ÈSÙ YANGI OBA BABA ÈSÙ = EXU YANGUÍ, REI-PAI DE TODOS OS EXUS.


Àse gbogbo.

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