segunda-feira, 9 de abril de 2012

Diferentes origens de Esu - 4


Diferentes origens de Exu são narradas em diversos itans de Ifá e uma delas, que determina a ligação existente entre Exu e Orunmilá, contida no Odu Ogbehunle, conta que “... quando Olodumare e Obatalá estavam começando a criar o ser humano, criaram, antes, a Exu. Tendo visto Exu na casa de Obatalá, Orunmilá demonstrou o desejo de possuir um, mas foi-lhe recomendado que voltasse um mês mais tarde porque tudo o que vira estava ainda em fase experimental”.

Inconformado, Orunmilá insistiu tanto que Obatalá resolveu atender à sua vontade, orientando-o para que pusesse as mãos sobre a cabeça de Exu e que, voltando para casa, fizesse sexo com sua mulher.

Tudo foi feito de acordo com a orientação de Obatalá e, doze meses depois, Yebìirú, mulher de Orunmilá, deu à luz um filho do sexo masculino e porque Obatalá dissera que a criança seria Alágbára (Senhor do Poder), Orunmilá resolveu chamá-lo de Elégbára.

Logo que seu pai pronunciou seu nome, a criança começou a chorar e a dizer:
 IYÁ, IYÁ, NG O JE EKU - (Mãe, mãe, eu quero comer preás).

Ouvindo os apelos de seu filho, a mãe respondeu de imediato:
OMO NAA J! - Filho, come, come!
OMO L'OKÙN, - Um filho é como contas de coral vermelho,
OMO NI DE, - Um  filho é como cobre,
OMO NI JÌNGÌNDÌNRÌNGÌN. - Um filho é como uma alegria inextinguível,
A MU SE YÌ, MÙ S'ÒRUN - Uma honra apresentável, que nos.
ARA ENI. - nos representará depois da morte.

O relato se estende mostrando como Exu, servido por sua mãe, devorou todos os quadrúpedes, aves e peixes e, não tendo mais nenhum animal sobre a face da terra, engoliu a própria mãe.

Assustado com o ocorrido, Orunmilá consultou o oráculo e lhe foi recomendado fazer um ebó composto de uma espada, um bode e quatorze mil caurís. Feita a oferenda, Orunmilá aproximou-se de Exu, que não parava de chorar e de gritar.
"BÀBÁ, BÀBÁ, NG Ò JE Ó Ó! "
(Pai, pai, eu quero comê-lo!)
- berrou o menino. Orunmilá, então, cantou a canção da mãe de Exu e quando este se aproximou para devorá-lo, atacou-o com a espada do ebó. Exu foi então cortado em duzentos pedaços e cada pedaço transformava-se num novo Yanguí, num novo Exu.

A perseguição se estendeu pelos nove oruns e, em cada um deles, Exu era seccionado em duzentas partes e cada uma delas se transformava num novo yanguí.

No último orun, depois de ser novamente retalhado, Exu propôs um pacto a Orunmilá: Cada Yanguí seria uma representação sua e Orunmilá poderia consultá-los e mandá-los executar trabalhos sempre que fosse necessário.

Orunmilá, então, perguntou-lhe por tudo o que havia devorado, inclusive sua mãe, e Exu respondeu:
ÒRÚNMÌLÁ KÍ O MAA KÉSI OUN BÍ Ó BÁ FÉÉ GBA GBOGBO ÀWON NKAN BI ERAN ATI EYE TÍ ÒUN Ó MÁÀ RÀN ÁN LÓWÓ LÁTI GBÀ PADÀ FÚN LÁTI OWO ÀWON OMO ARÀYÉ.
(Orunmilá deveria chamá-lo se ele queria recuperar a todos e cada um dos animais e das aves que ele tinha comido sobre a terra; ele (Exu) os assistiria para reavê-los das mãos dos seres humanos).


Àse gbogbo.

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