Portanto, é muito claro que Esu foi criado por OLODUNMARÊ, da matéria primordial e divina da qual, posteriormente, ELE fez todos os Orisa.
A mesma matéria que daria forma à toda existência divina, assim como toda a humanidade que, um dia, Ikú "a Morte" devolverá à esta lama primordial.
Assim, Yangi é o primeiro ser criado da existência e passa a ser o símbolo primal dos elementos criados.
Yangi é conhecido como "Esu Agba”, o Ancestral primordial, e seus assentamentos mais antigos e tradicionais eram simples pedras de laterita vermelha, colocadas no chão, onde eram feitas suas oferendas e sacrifícios.
Em alguns lugares, como a Orita Meta ou a Encruzilhada de Três caminhos, a laterita vermelha está cercada por 7, 14 ou 21 pedaços de ferro enferrujados.
Na cidade de Ile Ife, pode-se ver o assentamento de Esu Yangi como o descrito acima.
Para se chegar a casa de OBATALA, entra-se em uma rua que vai exatamente até a entrada, e acerca de 10 metros antes da entrada, a rua principal abre-se em duas outras ruas laterais, formando um (Y). No meio do vértice do (Y) está a casa de OBATALA, e na ponta do vértice o assentamento de Yangi, uma montículo de cimento armado com uma laterita fincada no alto.
Yangi é por excelência o símbolo da existência diferenciada e, em conseqüência disso, o elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à transformação e ao crescimento.
Ele é o principio dinâmico de tudo que existe e do que virá existir.
2. OS MÚLTIPLOS NOMES E FUNÇÕES DE ESU
Um mito relata como, em função de seu poder, Esu se descontrola, e começa a devorar toda a preexistência, sendo então obrigado por Orunmila, após uma longa perseguição, a vomitar tudo de volta.
Tendo sido cortado em milhares de pedaços, transforma-se no + 1, ou em 1 multiplicado pelo infinito. Neste caso, ele é Esu Okoto, o Caracol agulha, cuja estrutura óssea espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o infinito, e nos dá a idéia do crescimento, da evolução e da multiplicação, tendo-se tornado o símbolo da restituição e da recomposição, tornando-se Oba Baba Esu, Esu agbo, o Rei e o Pai de todos os Esu, gerados por seus pedaços.
Durante muitos anos conviveu-se com uma pretensa superioridade cultural, racial, religiosa na África e na região dos Yoruba que provocou guerras étnicas, fato que repercute ainda nos dias de hoje.
A suposta ação evangelizadora desarticulou sofisticadas estruturas religiosas, imprimindo aspectos negativos e demoníacos à imagem de Esu que, ainda hoje, habitam o universo religioso e pratico dos mais renomados Baba/Iya.
A perda dos valores primais africanos foi causada, sobretudo, pela escravidão, e posteriormente pela miscigenação com as seitas espíritas cristãs, permitindo assim que os mais sérios seguidores do Orisa ressaltem os aspectos negativos dos demônios, referindo-se a Esu como:
Exu Lucifer, Exu Tranca Rua das Almas, Exu sete poeiras do inferno, Exu Rei das sete encruzilhadas, ou mudam seu sexo, Exu Pomba Gira ou Exu Maria Padilha.
Os nomes e atributos deste importante Orisa do panteão Yoruba não permitem interpretações errôneas como as perpetuadas pela inércia e ignorância de pseudos experts em cultura Yoruba.
Nomes
Atributos
ESU YANGI
O primeiro da criação, a laterita vermelha
ESU AGBA
Aquele que é o ancestral
ESU IGBA KETA
O dono da cabaça, o Igba Odu
ESU OKOTO
O dono da evolução, o caracol.
ESU OBASIN
O pai de todos os Esu
ESU ODARA
O Esu da felicidade
ESU OJISE EBO
O Esu que leva as mensagens ao Orisa
ESU ELERU
O Esu que leva o carrego dos iniciados
ESU ENUGBARIJO
O Esu que trás a prosperidade
ESU ELEGBARA
O Esu que detém o poder da transmutação
ESU BARA
O Esu dono do movimento do corpo humano
ESU OLONAN
O dono de todos os caminhos
ESU OLOBÉ
O dono da faca ritual
ESU ELEBÓ
O Esu que recebe as oferendas
ESU ODUSO
O Esu que vigia os oráculos
ESU ELEPO
O Esu do azeite de dendê
ESU INA
O Esu do fogo (saudado no Ipade)
Poderia-se fazer uma lista imensa dos nomes de Esu ancestrais cultuados no Brasil e África, mas esse exercício é desnecessário no momento.
O mais importante é destacar as funções desses Esu ancestrais nos rituais:
Esu Yangi:
É o princípio de tudo, a própria memória de Olodunmarê, seu criador.
Esu Agba ou Esu Agbo:
É o nome que mostra sua ancianidade; ele é o mais velho e, por conseqüência, o pai que é retratado no mito em que Orunmila o persegue através dos nove Orun.
Esu igba keta
É o terceiro aspecto mais importante de Esu que está ligado ao número três, a terceira cabaça onde ele é representado pela figura de barro junto aos elementos da criação.
Esu ikorita meta:
É ligado ao encontro dos caminhos ou a encruzilhada; o encontro de três ruas ( Y ).
Esu Okoto:
É o representado pelo caracol agulha, mostra a evolução de tudo que existe sobre a terra,
E está ligado ao Orisa Aje Saluga, o antigo Orisa da riqueza dos Yoruba.
Esu Obasin:
É por este nome é conhecido e cultuado em Ile Ifé.
Esu Odara:
É o que, se satisfeito através do sacrificio, traz a felicidade ao sacrificante.
Esu Ojisé ébó:
É ele que observa todos os sacrifícios rituais e recomenda sua aceitação, levando as súplicas a Olodunmarê.
Esu Eleru:
É o que leva os carregos dos iniciados (Erupin)
Esu Enugbarijo:
É o que devolve a todos o sacrifício em forma de benefícios.
Esu Elegbara:
É o todo poderoso que transforma o mal em bem, cujo poder reside na transformação das coisas.
Esu Bara:
É um dos mais importantes aspectos de Esu, pois ele é o Esu do movimento do corpo humano, infundido no corpo pré-humano, ainda no Orun por Obatala, sendo "assentado" no momento da iniciação, junto com o Ori e o Orisa individual.
Esu Lonã:
É o senhor de todos os caminhos do mundo.
Esu Olobé:
É dono do obé (faca), tem que reverenciado ao começar todos os sacrifícios, onde a faca é necessária.
Esu Élébó:
É o carregador de todos os Ébo.
Esu Odusô ou Olodu:
É ele que tem seu rosto retratado no Opon Ifa, e vigia o Babalawo para que este não minta; é o que vigia os oráculos (Opélé-Ikin-Erindilogun)
Esu Elepo:
É ele que recebe o sacrifício do azeite de dendê.
Esu Inã:
É um dos aspectos mais importantes deste Esu primordial, é presidir o Ipade, sendo o dono do fogo. É a Esu Inã que os Babalorisa/Iyalorisa se dirigem no começo do Ipade, uma das mais importantes cerimônias do ritual afro-descendente religioso:
E Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye
Inã mojuba
Inã Inã Mojuba Aiye...etc.
Outra forma de se dirigir a Esu, e que causa certa confusão, é quando seus acólitos a ele se dirige por seus EPITETOS que , por serem mais comuns, transformaram-se erroneamente em nomes: Exemplo;
Esu Tiriri
Esu Akesan
Esu Lode
Esu Barabo
Esu Alaketu
Esu Ijelu
Esu Bara lajiki
Esu Marabo...etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário