Há diferentes caminhos para os antepassados voltarem a terra, e um dos mais comuns é que a alma seja reencarnada e nascida como um neto, bisneto, bisneta etc. de um filho ou filha dos antigos pais.
Ou seja, processo de ida e vinda se dá entre o meio familiar do qual era oriundo.
A isto é dado o nome de Àtúnwa, aquele ou aquela que volta novamente.
O mundo, segundo os yorubá, é o melhor lugar onde vivemos.
Isso é contrário ao ponto de vista de algumas tradições religiosas, que consideram o mundo um lugar de sofrimento e dor.
Existe um forte desejo pôr parte do ser vivo, em ver reencarnados seus pais logo depois da morte deles.
Daí a expressão Bàbá/Ìyá á yà á tètè yà o – “Que seu pai ou sua mãe venha logo”.
Este desejo é observado quando do nascimento, Ìbí, de uma criança; aos três meses de idade, um bàbáláwo é consultado para saber qual o antepassado que foi reencarnado, se a linhagem paterna ou materna.
Esse ritual é conhecido como Mimò orí omo - “Conhecendo o orí da criança” ou Gbígbó orí omo - “Ouvindo o orí da criança”.
É verificado o seu òrìsà, seus ewò, tabus, e o tipo de espírito encarnado (Àbìkú etc.). A partir deste conhecimento, um determinado nome passará a fazer parte de seu nome civil para lembrar constantemente à criança a sua origem.
A reencarnação de um ancestral é conhecida pelo nome de Yíya omo – “Voltar a ser criança ou tornar a encarnar”.
Ao se constatar o fato, o nome da criança poderá ser alusivo ao fato.
Alguns nomes yorubá evidenciam isto e relacionamos alguns: Bàbátúndé – o pia voltou, ou seja um ancestral de linhagem paterna; Ìyátúndé – a mãe voltou; Bàbájídé – papai acordou e chegou; Ìyábò – a mãe retornou; Omotúndé – a criança voltou de novo.
Nesta visão da concepção yorubá sobre a reencarnação devemos salientar que, apesar de uma criança ser chamada de Bàbátúndé, o espírito do antepassado ainda continua a viver no mundo espiritual, onde é invocado de tempos em tempos.
Em face disso, alguns entendem que, na verdade, há uma reencarnação parcial.
Os vivos ficam satisfeitos ao verem parte de seus ancestrais nos filhos recém – nascidos, mas, ao mesmo tempo, são felizes pôr saberem que eles se acham no mundo espiritual, onde têm maior potencialidade no auxílio de seus familiares na terra.
Na tradição do culto a Sàngó há um fato sugestivo sobre este assunto. Bayànnì é vista como a irmã mais velha de Sàngó, que governou Òyó como regente, depois da abdicação ineficaz de Dàda Àjàká, irmão mais velho de Sàngó, governante ineficaz para época.
A palavra Bayànnì é uma concentração da expressão Bàbá yàn mi, “Papai escolheu – me”, refere-se à crença de que o ancestral masculino escolheu – a para retornar à vida na forma corporal de Bayànnì.
Sendo assim, esta seria a razão da coroa de búzios que usa, um símbolo de continuidade em termos de reencarnação.
Sobre o assunto. Verger faz referência a L. Frobenius quando diz: “A religião dos iorubá torna–se gradualmente homogênea, e sua atual uniformidade é o resultado de uma longa evolução e da confluência de muitas correntes provindas de muitas fontes.
Seu sistema religioso se baseia na concepção de que cada ser humano é um representante do deus ancestral. A descendência é através da linha masculina.
Bibliografia
Livro: Òrun Áiyé
Autor: José Beniste
Editora Bertrand Brasil
Àse gbogbo.
Livro: Òrun Áiyé
Autor: José Beniste
Editora Bertrand Brasil
Àse gbogbo.
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