Olodumaré havia chamado Xapanã e disse que fosse a um cemitério a noite que lá haveria um baú e dentro dele um valioso presente a ele.
Iansã havia escutado essa conversa e saiu logo correndo falar com Xangô sobre tal assunto.
Então os dois foram no cemitério e ficaram lá escondidos até que Xapanã chegasse. Porém a curiosidade de Xangô foi tanta que acabou abrindo o baú no exato momento em que Xapanã chegou.
Dentro do baú havia três instrumentos: Um instrumento de palha parecido com um cetro e enfeitado com búzios; um chicote de rabo de cavalo e um chocalho diferente.
Cada um segurou um instrumento em suas mãos, e nesse momento Olodumaré apareceu e deu-lhe as instruções explicando a Xapanã que confiou o baú a ele, e não a Iansã e Xangô, porém sabia que eles acabariam descobrindo de alguma forma, então disse-lhes:
- Xapanã, com este instrumento curará os enfermos, salvarás as almas dos que ainda não devem cruzar as portas dos cemitérios e cobrirás as pessoas de chagas ou enfermidades. Serás o rei da saúde e da doença.
- Iansã, com este instrumento saberá combater e castigar todos os espíritos maléficos que de alguma forma queiram castigar as pessoas ou mesmo zombar do mundo terreno, e saberás guiar os espíritos justos às suas luzes. Serás a rainha dos eguns e de seus vales.
- Xangô, com este instrumento saberá encontrar corpos de desencarnados que foram profanados por algum motivo, e dar-lhes o sossego da terra para que possam seguir sua nova jornada espiritual, usarás quando necessário para impedir que algum espírito se desprenda se seu corpo fora de sua hora. Com o mesmo, se achares justo, usarás para desligar o espírito do corpo de qualquer pessoa levando-as a morte. Serás o rei do buraco e dos desencarnados.
- Com isso dou-lhes o reino dos cemitérios, dos que estão para desencarnar, dos desencarnados e dos espíritos. Confiarei a vocês esta tarefa.
- Xapanã, com este instrumento curará os enfermos, salvarás as almas dos que ainda não devem cruzar as portas dos cemitérios e cobrirás as pessoas de chagas ou enfermidades. Serás o rei da saúde e da doença.
- Iansã, com este instrumento saberá combater e castigar todos os espíritos maléficos que de alguma forma queiram castigar as pessoas ou mesmo zombar do mundo terreno, e saberás guiar os espíritos justos às suas luzes. Serás a rainha dos eguns e de seus vales.
- Xangô, com este instrumento saberá encontrar corpos de desencarnados que foram profanados por algum motivo, e dar-lhes o sossego da terra para que possam seguir sua nova jornada espiritual, usarás quando necessário para impedir que algum espírito se desprenda se seu corpo fora de sua hora. Com o mesmo, se achares justo, usarás para desligar o espírito do corpo de qualquer pessoa levando-as a morte. Serás o rei do buraco e dos desencarnados.
- Com isso dou-lhes o reino dos cemitérios, dos que estão para desencarnar, dos desencarnados e dos espíritos. Confiarei a vocês esta tarefa.
E assim conseguimos sincretizar Xapanã Sapatá, Iansã Timboá e Xangô Kamuká como os Orixás dos eguns e dos cemitérios.
Kámùka se traduz como "Machado que corta e desaparece"
Ká= corta;
mù= desaparecer, se esconde;
ka = machado
Sàngó Kámùka = "Xangó corta e esconde seu machado"
Mas também tem outro significado:
Ká = corta;
Mú = atrapalha, agarra, engole;
Okan / 'kan = Alma;
Sàngó Kámúkan = "Xangô que corta e atrapalha as Almas"
Kamuka: desfalecer, morrer. (dicionário kikongo)
Kamukando: funerais (dicionário kikongo)
Gululu, ancestral mais antigo dentro da Cabinda, do qual muito pouco se tem em informação, seria um negro bantu, provindo da região norte de Angola, hoje mais precisamente Angola Kabinda, que aportou aqui no sul pelo porto de Rio Grande juntamente com outros negros vindos de outras etnias e países africanos.
Ao ser trazido a Porto Alegre, encontrou um negro angolano que recebeu o nome de Waldemar, com o qual simpatizou e teve uma comunicação mais tranquila pela pouca diferença nos idiomas.
Pela relação de amizade, criou-se um vínculo religioso, e como aqui não haviam muitos bantus, Gululu passou seus conhecimentos sobre inkisses para Waldemar.
Com a morte de Gululu, Waldemar não encontrou bantus para passar seus conhecimentos, mas conheceu e enamorou-se por uma negra ijexá (Otilia).
Esta negra ijexá não forçou o amado a deixar seus inkisses, mas de comum acordo e com muita inteligência convenceu o amado de que poderiam ambos cultuar suas divindades sem que nenhum dos dois deixassem seus principais atributos.
Esta negra ijexá não forçou o amado a deixar seus inkisses, mas de comum acordo e com muita inteligência convenceu o amado de que poderiam ambos cultuar suas divindades sem que nenhum dos dois deixassem seus principais atributos.
Inteligentemente separaram os eguns no balé, como também deram um nome a Barú (Inkisse) que passou a ser sincretizado com Xangô (Orixá), e recebeu o nome de Kamuká.
Como em Ijexá Xangô tambem é rei, ficou Kamuká como rei desta nova Nação, que na verdade são duas em uma só. Também inteligentemente mantiveram todos os orixás dentro de casa separados dos preceitos de Kamuká, que é na rua.
Entre as várias pesquisas de estudiosos e adeptos da Cabinda, as mesmas sempre focaram a busca e o vinculo com o povo Bantu, porém nada que se pudesse atestar sua existência.
Assim se verificarmos o nome e qualidade da divindade em questão, poderemos notar a influência da língua Yorubá: Kamuká Barualofina, Aláààfin de Oyó. Algo curioso, pois, dificilmente encontraremos entre os nomes das divindades o seu título.
As características deste Aláààfin poderão ser notadas na inversão do próprio nome para sua qualidade: Kamuká Barualofina / Baru alafin Kamuká; apesar de ser apenas uma suposição, não deixa de ser uma clara ligação com o povo de Oyó, com o culto da nação Cabinda ligado ao culto dos ancestrais.
Outro ponto a se analisar, é a confirmação do culto de Egungun dentro dos rituais classificados pela Cabinda, sendo que ela é a única Nação que antes de começar qualquer ritual de feitura, é costume reverenciar os antepassados.
O Aláààfin Kamuká abre uma possível porta para entender o pacto dele com os Eguns e o Igbàlẹ̀, tendo inicio no ritual ao saudar e reverenciar os ancestrais antes de qualquer cerimônia, ponto crucial para o inicio do ritual de iniciação, ficando a cargo de cumprimentar primeiro Kamuká no Igbàlẹ̀ e os ancestrais, pedindo permissão para poder cortar uma ave ou até mesmo um animal de quatro pés para a feitura.
Algo interessante se faz mencionar é que o povo da Cabinda é a única nação que quando está em processo de iniciações ou assentamentos de Orixá, caso venha a falecer algum Elegun que pertença à família religiosa, a obrigação não irá se perder, caso a casa tenha feito o devido corte com equivalência de bichos oferecidos para Xangô.
Porém, em qualquer outra Nação, caso venha a falecer alguém da família durante uma obrigação arriada, perde-se toda a obrigação invalidando a feitura, e deve-se despachar tudo que foi feito sem aproveitar nada.
Xangô Kamuká Barualofina foi o precursor da Nação Cabinda no RS através da pessoa de Waldemar Antonio dos Santos. Com a partida de Waldemar, o Orixá Kamuká não deixou de existir nem se transformou em um egum, o que aconteceu é que a digina (Barualofina) não mais é utilizada em respeito ao que representou tal Orixá a essa Nação, onde muitos o acrescentaram ao balé como Orixá de egum correspondente a pessoa que o possuia no orí.
Algumas pessoas alegam que Kamuká não é Xangô, pois Kamuká é cultuado no buraco e tem ligação com os eguns, enquanto que isso para Xangô é incompátivel, não porque ele tenha medo da morte, mas porque a energia do Xangô é o fogo, o calor e não o frio de Iku, a morte e dos eguns.
Algumas pessoas também associam Kamuká a Agodô, o que ajuda ainda mais a gerar toda essa magia em torno do mesmo.
Kamuká não é assentado no balé, pois no mesmo é mantido apenas os antepassados.
Sendo traduzido o que foi dito na língua dele para a nossa, quantas concepções se podem ter desta frase?
Porém a conclusão é que é apenas parecida por fonética, e não se trata de alusão especifica ao mesmo. Talvez por falta de escrita, a fonética tenha seguido este rumo parecendo ser nos dias de hoje uma alusão a barualofina.
Xangô Kamuká Barualofina foi o precursor da Nação Cabinda no RS através da pessoa de Waldemar Antonio dos Santos. Com a partida de Waldemar, o Orixá Kamuká não deixou de existir nem se transformou em um egum, o que aconteceu é que a digina (Barualofina) não mais é utilizada em respeito ao que representou tal Orixá a essa Nação, onde muitos o acrescentaram ao balé como Orixá de egum correspondente a pessoa que o possuia no orí.
Alguns optaram por não assentar mais este Orixá, outros ainda o assentam, uns optaram por não dar mais orí ao mesmo e outros ainda dão.
Algumas pessoas alegam que Kamuká não é Xangô, pois Kamuká é cultuado no buraco e tem ligação com os eguns, enquanto que isso para Xangô é incompátivel, não porque ele tenha medo da morte, mas porque a energia do Xangô é o fogo, o calor e não o frio de Iku, a morte e dos eguns.
Algumas pessoas também associam Kamuká a Agodô, o que ajuda ainda mais a gerar toda essa magia em torno do mesmo.
Kamuká não é assentado no balé, pois no mesmo é mantido apenas os antepassados.
Kamuká é assentado em um buraco de forma e tamanho diferente do balé, com acesso por laje e não na casinha.
Kamuká Barualofina, por suas próprias palavras, não mais será assentado e nem feito, sendo que o Orixá Kamuká irá receber uma digina diferente ao ser feito, em respeito à vontade do ancestral.
A frase que foi dita, não pelo Waldemar, mas pelo próprio Kamuká: “Depois de mim nesta terra, não haverá mais de um, sendo um não me apresentarei duas vezes" ou ainda: "Eu como um, só serei um, não mais pegarei cabeça, nem mais serei assentado, permanecerei como protetor de minha nação."
Sendo traduzido o que foi dito na língua dele para a nossa, quantas concepções se podem ter desta frase?
Reza Kamuká
T - Jàró jàró Jàró jàró,bá rò’ fin là Jàró jàró Jàró jàró (Descubra as mentiras, corte-as e desapareça com intrigas descobertas)
R - Jàró jàró Jàró jàró,bá rò’ fin là Jàró jàró Jàró jàró (Descubra as mentiras, corte-as e desapareça com intrigas descobertas)
T - Alárun dé Sàngó ká mù’ka Bàbá o bá rò’ fin là (Chegue Xangô dono do céu, para reduzir a distância, corta e desaparece [o relâmpago (Raio)], Pai tu que surpreende e edita as leis, apareça)
R - Alárun dé Sàngó ká mù’ka Bàbá o bá rò’ fin là (Chegue Xangô dono do céu, para reduzir a distância, corta e desaparece [o relâmpago], Pai tu que surpreende e edita as leis, apareça )
T - Alárun dé! (Chegue dono do Céu)
R - Sàngó ká mù’ka (Xangô, para reduzir a distância, corta e desaparece [o relâmpago])
T - Bàbá rò’ fin là (Pai tu que surpreende e edita as leis, apareça)
R - Sàngó ká mù’ka (Xangô, para reduzir a distância, corta e desaparece [o relâmpago])
T - Wólè wólè wólè kábíyèsílè àdé! (Descemos o rosto e reverenciamos sua alteza e a coroa)
R - Wólè wólè wólè kábíyèsílè àdé! (Descemos o rosto e reverenciamos sua alteza e a coroa)
T - L’òkè ! (Nas alturas)
R - Sá bu èlò (O instrumento que corre e corta [raio])
Há quem diga que a reza cantada durante o alujá também pertence ao Kamuká:
Wa jaja babalofina oni Xangô
Wa jaja babalofina a na rewá
a ae eae e
a ae eae e
Porém a conclusão é que é apenas parecida por fonética, e não se trata de alusão especifica ao mesmo. Talvez por falta de escrita, a fonética tenha seguido este rumo parecendo ser nos dias de hoje uma alusão a barualofina.
Àse gbogbo.
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